São Paulo, domingo, 8 de setembro de 1996
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Proibição total é complicada

ESPECIAL PARA A FOLHA

Existem milhares de aplicações do amianto, e muitas delas não têm substitutos tecnicamente viáveis. Além disso, muitas substituições -por fibras artificiais, por exemplo- ficariam bem mais caras. Isso torna complicada a decisão de proibir de vez o amianto.
"Proibir? Isso merece maior discussão", diz Pupo Nogueira. Providências rigorosas são impraticáveis em muitos casos.
O ideal seria o operário usar uma máscara com pressão positiva de ar e filtros -algo parecido com aquelas que os soldados empregam para combater agentes de "guerra química".
Mas elas são caras e de manutenção difícil, além de incômodas, e convencer o operário da construção civil a usá-las seria difícil.
Fumantes
Fumar piora a asbestose e potencializa a chance de câncer do pulmão para os expostos ao amianto.
O risco aumenta de acordo com a quantidade de poeira à qual se foi exposto, e ao tempo dessa exposição, geralmente anos. Cientistas já descobriram doenças ligadas a amianto em operários de estaleiros que tiveram uma exposição intensa por período muito curto, de um a dois meses.
O câncer do pulmão pode aparecer depois de 15 anos, ou mesmo 30 anos, da primeira exposição ao amianto. A asbestose pode demorar até 45 anos.
Vítimas do risco
Mineiros, operários da construção civil e de fábricas que usam amianto como matéria-prima são os que correm mais risco.
No caso brasileiro, os mineiros estão hoje em situação melhor. Segundo Pupo Nogueira, a mina brasileira em Goiás é moderna, e têm sido tomadas precauções, como manipular o amianto com umidade, de modo a evitar poeira.
"O problema maior está na manipulação em construções ou em empresas pequenas, como algumas fábricas de freios ou indústrias têxteis", diz o pesquisador.
Nas telhas de cimento-amianto, por exemplo, as fibras estão presas no material. Mas o trabalhador que constantemente tem de serrar, furar ou lixar essas telhas entra em contato com uma perigosa poeira.

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