São Paulo, domingo, 8 de setembro de 1996
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Efígie aparece em 4,8 bilhões de 'buttons'

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

Durante a Revolução Cultural, a China produziu 4,8 bilhões de "buttons" com a efígie de Mao. Enfileirados, dariam seis voltas ao redor do planeta. O cálculo foi feito por Zhou Jihou, pesquisador que dedicou dez anos ao estudo dos objetos fabricados para homenagear o "Grande Timoneiro".
Estátuas, relógios, camisetas, isqueiros e cartazes com a imagem de Mao, produzidos para alimentar o culto à personalidade, frequentam hoje lojas de suvenires para turistas. Um boné com um "button" sai por US$ 6.
Várias edições do "Livro Vermelho", bíblia do ideário de Mao, recheiam prateleiras de livrarias e estandes estrategicamente localizados em pontos turísticos.
Colecionadores de homenagens ao "Grande Timoneiro" também podem encontrar peças em lojas de discos, como o CD "The Red Sun" ("O Sol Vermelho"). Trata-se de uma coletânea de músicas dedicadas ao dirigente morto.
A figura de Mao Tse-tung não podia deixar de aparecer nos karaokês, uma das formas prediletas de diversão na China.
Existem fitas de vídeo como "Músicas Revolucionárias Clássicas", com 12 faixas para deleite dos cantores ocasionais.
O "Livro Vermelho" dos colecionadores de peças maoístas se chama "Sombras de Mao - O Culto Póstumo ao Grande Líder", do australiano Geremie Barmé. Publicado neste ano, o trabalho apresenta uma extensa lista de curiosidades, como caixas de fósforos com a efígie de Mao e suas frases.
O pesquisador Zhou Jihou publicou em 1994 artigo num jornal regional ("Guizhou Daily") para revelar suas conclusões.
Refutou cálculos anteriores de 8,8 bilhões de "buttons" ou 2,2 bilhões e disse que sua avaliação (4,8 bilhões) mostrava "resultado de dez anos de pesquisa". Não detalhou seu método de trabalho.
Peças dedicadas a Mao começam a registrar recordes em leilões. Uma pintura a óleo que mostra o líder comunista nos anos 20 alcançou no ano passado US$ 728,9 mil.
Comprada por um empresário chinês que não se identificou, a tela foi pintada durante a Revolução Cultural. Segundo estimativas oficiais, a China imprimiu 900 milhões de cartazes que reproduzem a pintura.
(JS)

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