São Paulo, segunda-feira, 9 de setembro de 1996
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Congresso mantém gastos com aposentadorias

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O orçamento do Congresso para 97 mostra que a extinção do IPC (Instituto de Previdência dos Congressistas), já aprovada pela Câmara, não vai eliminar tão cedo os gastos do Tesouro Nacional com aposentadorias de parlamentares.
Os gastos da União com o IPC no próximo ano serão de R$ 40 milhões -a mesma quantia prevista no orçamento de 96.
Isso representa sete vezes a contribuição dos próprios parlamentares ao Instituto (R$ 5,7 milhões) durante o ano.
"A extinção do IPC vai acontecer só no papel. O instituto só será liquidado em 99, quando terminar o mandato dos atuais parlamentares", afirma a diretora-geral interina do Senado, Paula Miranda.
Mesmo depois de extinto o IPC, o Tesouro continuará a custear, durante muitos anos, as aposentadorias e pensões dos atuais parlamentares e familiares. O Instituto tem hoje um déficit atuarial de R$ 384 milhões.
Essa é a quantia que falta para dar cobertura aos compromissos de pensão assumidos até hoje (2.769 pensões, sendo 797 de ex-parlamentares). O IPC tem reservas de R$ 138 milhões, mas precisa de R$ 522 milhões para cumprir seus compromissos.
Após a liquidação do IPC, será criado um plano de seguridade para os parlamentares. Mas quem já tem direito adquirido terá sua pensão custeada pelo Tesouro, ou seja, pelo contribuinte.
Turismo
O orçamento do Congresso para 97 mantém os privilégios e as previsões irreais de todos os anos. Foi reservada, por exemplo, a quantia de R$ 1,2 milhão para viagens dos parlamentares ao exterior.
O grupo da Associação Interparlamentar de Turismo terá R$ 300 mil do orçamento do Senado. O grupo da União Interparlamentar de Turismo terá R$ 71 mil, e o grupo do Parlamento Latino-Americano terá R$ 142 mil.
Essa verba vem camuflada da seguinte rubrica: "Proporcionar auxílio a entidades privadas sem fins lucrativos, a fim de que possam cumprir suas missões filantrópicas, educativas e culturais".
A verba para assistência médica e odontológica dos servidores terá um acréscimo de 49%. No Senado, passa de R$ 7,8 milhões para R$ 14 milhões. Na Câmara, salta de R$ 7,9 milhões para R$ 9,4 milhões.
O Senado mantém uma previsão elevada para a construção, reforma e manutenção de prédios. A construção de mais um anexo, sobre o prédio do Prodasen (Centro de Processamento de Dados), vai consumir R$ 17,8 milhões.
A verba para reparo, reforma e adaptação de imóveis passou de R$ 24 milhões em 96 para R$ 30,6 milhões em 97. Nessa rubrica está incluída a reforma do Anexo 1 (uma das torres do Congresso), ao custo de R$ 9 milhões.
Paula Miranda afirma, porém, que nem todo esse dinheiro será gasto em obras. "O orçamento é irreal. Nós deixamos uma sobra nessas dotações para depois poder fazer remanejamento. Vamos usar para custeio".
Em 96, por exemplo, foram executadas apenas 24% das dotações destinadas a obras, diz ela.
A Câmara tem previsões mais modestas para obras. Serão R$ 5,4 milhões para a construção de um prédio e R$ 6,5 milhões para reparos e e adaptação de imóveis.
Mas a Câmara prevê mais R$ 8 milhões para reparos de 433 apartamentos funcionais.

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