São Paulo, segunda-feira, 9 de setembro de 1996 |
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Telefônica gaúcha terá sócio estrangeiro
ELVIRA LOBATO
Em dezembro, o governo gaúcho venderá -por concorrência pública- 35% das ações com direito a voto da empresa. Sete companhias telefônicas estrangeiras já se pré-qualificaram para entrar na disputa. São elas: Telia (Suécia), Telefónica de España (Espanha), Nippon Telegraph & Telephone (NTT, do Japão), Korea Telecom (Coréia do Sul), GTE International (EUA), France Telecom (França) e Stet International (Itália). A CRT não pertence ao Sistema Telebrás. Ela foi criada, em 1960, no governo Leonel Brizola e acabou encampando a telefônica norte-americana ITT, que atuava no Estado. Em 1973, quando a Telebrás incorporou a maioria das telefônicas existentes no país, a CRT virou símbolo de uma campanha contra a "desgauchização" da economia, que impediu sua transferência para o governo federal. Defasagem Um dos líderes da campanha era o estudante Cristiano Tatsch, atual presidente da CRT. "Fomos contra e pagamos caro por isso. Com a perda do poder financeiro dos Estados, a companhia não recebeu os investimentos necessários e ficou defasada até em relação às empresas da Telebrás", afirma. Segundo Tatsch, a empresa não está preparada para enfrentar a chegada de competidores em seu mercado e, por isso, precisa de um sócio que lhe dê "capital, capacidade empresarial e tecnologia moderna". A empresa busca um sócio de grande porte, que seja capaz de promover uma revolução interna na companhia e a deixe em condições de continuar crescendo mesmo com a chegada de concorrentes estrangeiros. Para isso, exigiu que os concorrentes tenham, pelo menos, 5 milhões de assinantes; faturamento anual mínimo de US$ 5 bilhões e que estejam atendendo aos pedidos de instalação de linhas, em seus países, no prazo máximo de 30 dias. Além dos limites Todos os candidatos superaram os limites exigidos. A japonesa NTT tem 59,5 milhões de assinantes, e a France Telecom tem 31,6 milhões. O menor, entre os competidores, é a Telia, da Suécia, com 6,1 milhões de usuários. A empresa começou a ser preparada para a abertura no ano passado, quando o governador Antônio Britto (PMDB) propôs uma lei estadual, aprovada em janeiro último, autorizando o Estado a vender parte das ações com direito a voto da companhia. Segundo Cristiano Tatsch, o controle (51%) continuará nas mãos do governo, até porque a emenda constitucional que quebrou o monopólio das telecomunicações ainda não está plenamente regulamentada. Mudanças internas As mudanças internas já começaram. Foi feito um programa de demissões voluntárias que reduziu o quadro de pessoal de 6.300 para 5 mil funcionários e estão sendo contratados 500 profissionais de nível técnico e superior. A empresa tem 681.665 linhas telefônicas instaladas e abriu concorrência para mais 270 mil. Além disso, está construindo uma rede de 4,7 mil quilômetros de fibra ótica que vai cobrir 94 cidades e chegar até às fronteiras com o Uruguai e Argentina. O objetivo, segundo Tatsch, é preparar a Companhia Riograndense de Telecomunicações para ser uma operadora telefônica internacional, voltada para o Mercosul, quando for aprovada a quebra do monopólio da Embratel. Reengenharia A companhia está em fase de reengenharia, que já levou à terceirização dos postos de serviço no interior. Adotou o modelo japonês de controle da qualidade (TQC) e vai buscar o certificado ISO 9001 para o serviço de telefonia celular. Texto Anterior: Abertura altera verbas de estatais Próximo Texto: Conheça os números da CRT Índice |
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