São Paulo, segunda-feira, 9 de setembro de 1996
Próximo Texto | Índice

Curdos acusam Iraque de novo ataque

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Um grupo de curdos da oposição perdeu o controle de duas cidades no norte do Iraque para a facção rival e acusou o Iraque de ter ajudado na conquista.
Cerca de 5.000 curdos fugiram das cidades de Degala e Koi Sanjaq depois que elas foram tomadas pelo Partido Democrático do Curdistão, que é apoiado pelo Iraque.
Os Estados Unidos disseram que o presidente Saddam Hussein "pagaria o preço" se as forças iraquianas estivessem envolvidas na conquista, mas afirmaram que não havia evidências do envolvimento.
O chanceler da França, Hervé de Charette, disse também que não havia tropas iraquianas na região.
No dia 31 de agosto, soldados iraquianos e forças do Partido Democrático curdo tomaram Arbil, a principal cidade curda do Iraque.
Os EUA responderam lançando 44 mísseis contra supostos alvos militares no sul do Iraque. O país também estendeu a área em que o Iraque não pode executar vôos até os subúrbios de Bagdá (capital).
O líder da União Patriótica do Curdistão, Jalal Talabani, supostamente apoiado pelo Irã, disse que os ataques americanos não tinham impedido que Saddam atacasse a região curda. "Pedimos aos EUA que intervenham urgentemente."
O secretário da Defesa dos EUA, William Perry, referiu-se aos combates entre curdos como "guerra civil" e disse que uma intervenção americana "seria um erro."
Segundo o jornal "The Washington Post", o Iraque executou mais de cem pessoas no norte do Iraque que colaboram com os EUA fornecendo informações.
Ameaças
A mídia iraquiana reiterou ontem as ameaças de Bagdá de atirar contra aviões americanos.
O Iraque disse ter atirado contra um outro avião americano sobre seu território ontem, mas disse ter novamente errado o alvo.
O Iraque também exigiu que a Turquia não execute seu plano de uma "zona de segurança" no norte iraquiano para se proteger de ataques de rebeldes curdos.
Vários países árabes, como Egito e Argélia, também criticaram o projeto da Turquia, que inclui um sistema eletrônico de segurança.
Ontem, nove soldados turcos foram mortos numa emboscada de curdos. Como retaliação, a Turquia lançou operação com 20 mil soldados, apoiados por helicópteros, para capturar os rebeldes.
Reunidos na Arábia Saudita, chanceleres de países do golfo Pérsico evitaram mencionar o ataque dos EUA, seus principais aliados, ao Iraque. Representantes da União Européia reunidos na Irlanda também não condenaram nem apoiaram a ofensiva.
O Iraque pediu ontem que a ONU implemente o mais rapidamente possível o seu acordo que permite que o país venda US$ 2 bilhões em petróleo para comprar remédios e comida. A ONU suspendeu a implementação por causa do ataque iraquiano a Arbil.

Próximo Texto: Italianos discutem eleição de miss negra
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.