São Paulo, segunda-feira, 9 de setembro de 1996 |
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Peronismo marca 5 décadas de história
SILVIO CIOFFI
O curioso é que muitos dos protestos contra Menem são firmados por membros do Partido Justicialista, o mesmo que o elegeu e que tem Evita como uma de suas referências mais marcantes. Na raiz da crise atual está uma grande retração econômica que provocou o desemprego de cerca de 2,5 milhões de pessoas -num universo formado por uma população economicamente ativa de 13,2 milhões de argentinos. Perón, o caudilho que fundou o Partido Justicialista, só não foi mais adorado na Argentina do que Evita, sua segunda mulher. Evita -aliás, Eva Duarte de Perón- ajudou seu marido desde a conquista do poder e, apesar de não ter exercido cargos de governo, foi a ministra "de fato" da Saúde e do Trabalho. Perón governou a Argentina nos períodos 1946-55 e 1973-74. Antes disso, como coronel, foi subsecretário da Guerra e um dos líderes da derrubada do presidente Ramón Castillo, em 1943. Evita, uma atriz de rádio com imensa popularidade, partiu em apoio a Perón, que, em 1945, se tornou sucessivamente ministro da Guerra e vice-presidente. A aproximação de Perón e Evita acabou em casamento. Um ano mais tarde, Perón se elegeu presidente numa campanha onde a oposição liberal foi reprimida. Reeleito em 1951, o caudilho já tinha em Evita sua articuladora política. Foi nessa época que a industrialização teve início, com o Estado adotando posturas econômicas e intervencionistas. A Argentina adotou também posições críticas com relação aos EUA e Inglaterra, baseadas numa doutrina difusa propagada por Perón, o justicialismo. Mas, se durante a Segunda Guerra (1939-45) a Argentina conseguiu aumento de suas exportações, de outro lado o fim do segundo mandato de Perón foi marcado por manifestações contra a corrupção, o aumento da inflação e a falta de liberdade política. Evita morreu de câncer em 1952, dando início a uma crise que, em 1955, derrubou o governo. Chamada de "chefe espiritual da nação", Evita passou a ser venerada quase como uma santa. Já Perón partiu para o exílio na Espanha, onde se casou com Maria Estela Martínez, chamada de Isabelita, em 1961. A volta do caudilho Apenas na década seguinte, em 1973, Perón e Isabelita voltaram. Em 13 de julho, a renúncia do então presidente Héctor Cámpora abriu espaço para que Perón fosse eleito, tendo Isabelita como vice. Um ano depois, em julho de 1974, Perón morreu. Isabelita governou o país até 1976, quando foi derrubada por um golpe militar. A junta, chefiada pelo general Jorge Rafael Videla, fechou o Congresso e iniciou a "guerra suja". Em 1982 foi a vez do general Leopoldo Galtieri invadir as ilhas Malvinas, num episódio que terminou com a reação britânica e a retomada do arquipélago. A democracia voltou a governar a Argentina em 1983, quando Raul Alfonsín, da União Cívica Radical, venceu as eleições presidenciais. Problemas econômicos e inflação no fim de seu mandato prepararam terreno para um retorno do peronismo, e Menem, do Partido Justicialista, foi eleito em 1989 e reeleito em 1995. Resta saber se seu segundo governo dará conta de enfrentar, com economia dolarizada, o alto índice de desemprego. Texto Anterior: Descubra os museus locais Próximo Texto: Governo opta pela contração econômica Índice |
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