São Paulo, segunda-feira, 9 de setembro de 1996
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Homossexuais ganham guia pelos EUA

PAULO GIACOMINI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O "Fodor's Gay USA", classificado como "o mais abrangente guia para turistas homossexuais", foi lançado no mês passado na Bienal do Livro de São Paulo e uma semana antes nos Estados Unidos.
A publicação, ainda fora das livrarias, abrange 40 cidades norte-americanas e contém 44 mapas dos locais de maior interesse para gays e lésbicas nos Estados Unidos.
Andrew Collins, o autor do guia, é homossexual assumido e foi editor da "Fodor's" na cidade de Nova York.
Ele passou de 5 a 15 dias na maioria das cidades citadas no guia. Em todos esses locais entrevistou gays e lésbicas -desde editores de jornais e revistas e integrantes do conselho local até frequentadores assíduos dos bares e pessoas nas ruas.
Com 561 páginas, o guia tem 15 introdutórias e 8 reservadas para anotações do leitor no final.
O recheio tem 538 páginas. O "Fodor's" deve satisfazer o turista gay ou lésbica que queira fazer um roteiro pelas cidades mais "fervidas" dos Estados Unidos.
Mesmo para aqueles que não dispõem de vários cartões de crédito, ou preferem um roteiro mais barato, o preço da publicação -R$ 68,00- compensa o investimento.
Conteúdo
O "Fodor's Gay" relaciona, em cada uma das 40 cidades, dezenas de hotéis -com preços de alta estação-, restaurantes -com preços do prato principal-, livrarias "lesbigays", publicações, bares, casas noturnas, clubes e cafés de todos os preços.
Além da extensa relação, Collins ainda indica alguns locais em que é possível comer esse ou aquele prato, com descrição da culinária local. O autor chega ao requinte de descrever as acomodações dos hotéis de sua preferência.
O guia traz ainda onde encontrar as agências de turismo locais, academias de ginástica populares entre os homossexuais e telefones de emergência para os portadores do vírus HIV.
Os 44 mapas apresentados no guia têm indicações de restaurantes e da vida noturna.
O único local que não contém mapas é Fire Island. Em compensação, a californiana San Francisco foi contemplada com três mapas.
Como a tradução do guia foi feita por várias pessoas, é possível que o leitor mais atento repare em alguns erros de digitação, de ortografia e mesmo de concordância e redundância, como, por exemplo, no terceiro parágrafo da página 479: "Por volta de meados dos anos 50...".
Outra falha da tradução para a língua portuguesa do guia é que não constam dos textos o Estado das localidades listadas.
Se o leitor quiser saber onde fica Provincetown, um dos primeiros balneários gays dos Estados Unidos, deve recorrer à quarta capa para saber que o histórico balneário fica no Estado de Massachusetts.
Vicente Tofeti, da Julio Louzada Publicações, responsável pelo lançamento do guia no Brasil, diz que a editora imprimiu 3.000 exemplares na primeira edição. Ele afirma que o mercado gay é muito respeitado no exterior e, no Brasil, apenas existe.
Miami fora
Quase nada escapou da observação de Collins.
Ele conta um pouco dos personagens gays e da história de cada cidade, fala dos bairros mais importantes, indica os lugares mais badalados e sofisticados, recomenda as melhores acomodações para hospedagem e as livrarias mais completas.
Miami escapou. Collins não informa que a prefeitura local quer transformar a cidade na capital gay dos Estados Unidos.
Collins também não diz que a discoteca apresentada no filme "Gaiola das Loucas" é apenas uma locação, não é gay.
Outra falha aparente é a ausência do endereço e dos preços das acomodações da "Jefferson House" que, segundo Collins, "é, sem sombra de dúvida, a melhor pousada gay de SoBe".

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