São Paulo, segunda-feira, 9 de setembro de 1996
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Areia e lagoas compõem cenário insólito

JOSÉ HENRIQUE SERAPHIM
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O acesso às dunas do Parque Nacional de Lençóis Maranhenses se faz via rio Preguiças.
São aproximadamente 40 km de águas calmas praticamente ao nível do mar, ladeados por intensa vegetação, com palmeiras como o buriti, a carnaúba e o babaçu.
O rio é abundante em peixes, camarões-brancos e caranguejos, caçados pelos nativos nos manguezais dos igarapés que se formam durante as marés baixas, que chegam a variar até sete metros.
A viagem pode ser feita pela balsa que faz a linha Barreirinhas-Atins por R$ 2. O tempo de viagem fica em torno de cinco horas.
Você também pode pegar carona em barcos de pescadores, ou mesmo alugar lanchas chamadas voadeiras, que fazem o percurso em aproximadamente uma hora.
Atins
A vila é o portão de entrada das dunas de Lençóis Maranhenses, as quais se estendem desde Atins, no rio Preguiças, até Primeira Cruz, no rio Periá.
O conjunto tem 100 km de comprimento e até 30 km de largura, repletos de pequenas lagoas de água doce e cristalina.
Os Lençóis Maranhenses são uma região de lagoas que vem sendo encoberta pela areia carregada por fortes ventos. Essa areia forma imensas dunas.
Entremeando, apenas dunas e lagoas confinadas em depressões de até 20 metros de profundidade formadas por paredões de areia em taludes.
A luminosidade do Sol refletida na água e nesses paredões fornece um visual repleto de nuanças.
A melhor época para visitar as dunas vai de janeiro a julho, pois é nesse período que as lagoas formadas entre as dunas estão cheias, devido ao período das chuvas. O melhor período é em abril.
Para os mais aventureiros, é possível fazer andando o percurso de Primeira Cruz até Atins em aproximadamente cinco dias, acampando nas dunas.
Para quem não quer se aventurar tanto, a opção é ficar em Caburé às margens do rio Preguiças, a 6 km e uma hora de barco de Atins.
A saída de Atins só é possível na maré alta, caso contrário a região ribeirinha vira um grande lamaçal.
Em Caburé existe a pousada do Paulo, que é a mais estruturada, com luz de gerador, água encanada de poço com roda de vento.
Inovações
Em julho de 1996 estava sendo instalado um chuveiro. Até então, o banho era "na cuia". Mas a latrina dispunha de descarga e fossa.
A comida não tem muita variação: arroz, feijão com leite de coco, peixe ou camarão-branco da região e salada de tomate e cebola.
A pousada é equipada com freezer e oferece bebidas, refrigerantes e água-de-coco.
Quando o gerador está funcionando, é possível ver televisão. No café da manhã é servido pão com manteiga e café com leite em pó.
A diária fica em R$ 5, e a refeição, R$ 3,50.
Caburé é uma vila de pescadores seminômades, construída sobre as dunas. Na época da pesca (janeiro a julho), eles habitam a região e, na época da seca, retornam ao interior para cultivo e colheita da lavoura, abandonando as barracas, que são invadidas pela areia.
Na pousada Caburé, você dorme nessas barracas, em redes ou colchonetes sobre estrados.
Não há mosquitos, e o clima é muito agradável.
As dunas de Vassouras ficam a 5 km de Caburé, rio acima. Elas também são repletas de pequenas lagoas que se estendem até as proximidades da praia.
O percurso pode ser feito a pé pela praia desde Caburé, sendo sete km percorridos em quatro ou cinco horas. Mandacaru fica próximo a Caburé, porém na margem oposta do rio Preguiças.
Ele funciona como um entreposto. Tem posto telefônico -de difícil comunicação-, correios e mercado para a população local.

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