São Paulo, terça-feira, 10 de setembro de 1996
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CUT e Força fazem acordo inédito

DANIELA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Os sindicatos dos metalúrgicos do Estado de São Paulo, ligados à CUT e à Força Sindical, decidiram ontem, em assembléia, unificar a campanha salarial da categoria, que tem data-base em novembro.
Serão 63 sindicatos, representando 1,02 milhão de metalúrgicos. Só a Força Sindical reúne 45 sindicatos e 700 mil empregados.
Somente os metalúrgicos dos setores de máquinas e eletroeletrônicos filiados à CUT têm data-base em abril. A central sindical irá encaminhar também a essas categorias a pauta de reivindicações e pedir que elas mudem seu dissídio para novembro.
É a primeira vez, desde 1979, que os sindicatos negociam em conjunto, diz Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. O objetivo é somar esforços para ter mais força nas negociações com os empresários.
Reivindicações
O carro-chefe da pauta de reivindicações é a redução da jornada de trabalho de 44 horas semanais para 40 horas, diz Luiz Marinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que representa 128 mil trabalhadores.
Os sindicatos deverão votar a proposta até o final desta semana. Ela será encaminhada no dia 24 deste mês aos empresários do setor.
A categoria irá reivindicar ainda que o piso salarial passe de R$ 261 para R$ 500, a reposição da inflação do período, que deve ficar em torno de 14%, aumento real do salário, representação sindical no local de trabalho, participação nos lucros e resultados e a aplicação da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho.
Essa norma internacional, regulamentada em janeiro de 96, proíbe demissões que não forem feitas por justa causa.
"Queremos centrar fogo na questão do desemprego. A redução da jornada é fundamental para conter as demissões", afirma Marinho.
Segundo ele, a atual conjuntura econômica "dá medo na categoria". Marinho afirma, no entanto, que as demissões vêm ocorrendo há um ano e que este é o momento para reagir. "Será uma campanha de resistência."
Desde a implantação do Real, 33 mil metalúrgicos foram demitidos em São Paulo, segundo Paulinho.
Para ele, a proximidade das campanhas salariais com as eleições favorece as negociações. "As greves podem decidir as eleições", afirma.

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