São Paulo, terça-feira, 10 de setembro de 1996
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O futuro das metrópoles

LUÍS NASSIF

Durante algumas semanas a cidade de São Paulo conviveu com o rodízio de carros. Não custou nada aos cofres públicos, e custou algum incômodo aos proprietários de carros. Mas o trânsito fluiu razoavelmente.
Terminado o rodízio, os congestionamentos se avolumam. É uma ampla fila diária, estimada pela CET em mais de cem quilômetros, mesmo com quase todas as obras viárias da cidade já completadas.
Segundo dados levantados pelo repórter José Roberto Toledo, da Folha, a canalização e a pavimentação da avenida Água Espraiada custaram R$ 624 milhões -mais do que os R$ 426 milhões que custarão a duplicação da rodovia Régis Bittencourt. O complexo viário Ayrton Senna, outro R$ 1 bilhão -o mesmo que a duplicação da rodovia Fernão Dias. No entanto, é possível que o trânsito, hoje em dia, esteja pior do que há quatro anos.
Imediatismo
A vida futura nas grandes metrópoles estará condicionada ao que se está plantando agora. A cada dia que passa, mais as cidades se adensam e mais caras ficarão as interferências no panorama urbano. Nas grandes metrópoles, não há saída fora do transporte coletivo e da restrição ao uso do automóvel nas regiões centrais. Só que, eleitoralmente, o que rende votos são as grandes obras viárias. No Rio de Janeiro e em São Paulo estão à frente nas pesquisas eleitorais candidatos a prefeito identificados com essa bandeira.
O imediatismo que caracterizou sucessivas administrações federais e estaduais nos anos 80 levou à quebra do setor público, à falta de parâmetros sobre custos de obras, ao abandono de qualquer análise custo-benefício na definição de investimentos públicos e, principalmente, à falta de preocupação em construir o futuro.
Mas parece que esse duro aprendizado nunca se completa. O padrão de governante bem-sucedido continua sendo aquele que quer viver intensamente cada minuto, pensando no retorno para as próximas eleições.
Atividade econômica
Pesquisa da Federação das Indústrias de Minas Gerais junto a micro, pequenas e médias empresas do Estado, demonstrou a quase estabilidade no nível de atividade em agosto. Entre as pesquisadas, 46% mantiveram a mesma atividade, contra crescimento em 31% e redução em 23%.
Ainda permanece o receio de se aumentar o investimento -44% mantiveram seus planos nos mesmos níveis do mês anterior, 28% delas não têm planos de investir, 19% ampliaram os investimentos e 7% reduziram.
Segundo a pesquisa, 48% dos entrevistados desconhecem as linhas de crédito do BNDES para pequenas e médias empresas.
Banespa
Fontes que já participaram do governo paulista consideram inviável a absorção do Banespa pela Nossa Caixa/Nosso Banco.
Primeiro, pelo fato de as áreas de excelência estarem ainda no Banespa, como análise de investimento, experiência internacional e mesa de operações.
Depois, porque a Nossa Caixa também carrega problemas das dívidas do Estado e dos saldos negativos da sua carteira hipotecária.
São opiniões relevantes, que a coluna irá apresentando como subsídios à discussão do problema.

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