São Paulo, terça-feira, 10 de setembro de 1996
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Ex-sócia de Clinton despreza Justiça e é presa

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Susan McDougal, ex-sócia de Bill Clinton no empreendimento imobiliário de Whitewater, se entregou ontem à polícia e foi presa por desprezo à Justiça.
Ela se recusa a responder a perguntas da promotoria sobre a participação do presidente e da primeira-dama nos negócios de Whitewater. Um juiz federal a condenou a 18 meses de prisão por isso.
Em agosto, Susan McDougal, 41, havia sido condenada a dois anos de prisão por um empréstimo ilegal recebido em 1986.
Bill e Hillary Clinton e James e Susan McDougal, na época amigos íntimos, abriram em junho de 1979 a empresa Whitewater, em Little Rock, Arkansas (sul dos EUA). Clinton era o governador do Estado; McDougal, seu assessor.
Diversas acusações de irregularidades pesam sobre a empresa. Bill e Hillary Clinton têm dito que foram sócios sem participação na gestão da firma, fechada em 1992.
Suposta mentira
Eles não foram até agora acusados de qualquer crime. Mas os dois já testemunharam diante de júris federais sobre o caso. Uma das perguntas que Susan McDougal se recusa a responder é se o presidente mentiu em seu depoimento ao júri que a condenou.
James e Susan McDougal se separaram depois que ele, em 1986, foi acusado de falência fraudulenta de um banco de poupanças de que era proprietário.
James McDougal também foi condenado pelo júri que o julgou no caso Whitewater. Mas sua sentença ainda não foi definida provavelmente porque ele está cooperando com a promotoria.
Susan McDougal acusa o promotor independente do caso Whitewater, Kenneth Starr, de lhe ter proposto liberdade condicional em troca de informações que pudessem incriminar Bill e Hillary Clinton. Starr nega a acusação.
Starr afirma que Susan McDougal está tentando confundir o público e que seu comportamento é "antiético e ultrajante".
Os advogados de Susan McDougal têm dito que ela é uma "prisioneira política". Ontem, ela afirmou que prefere fazer o que sua consciência manda do que ficar em liberdade.
Susan McDougal também nega ter recebido qualquer auxílio ou orientação do casal Clinton ou da Casa Branca, sede do governo dos Estados Unidos. "Se eles estivessem me ajudando, Deus teria de ajudar a todos nós porque eu estou indo para a cadeia."
O caso Whitewater já condenou 12 pessoas, todas conhecidas ou amigas do presidente e da primeira-dama. Entre elas, o sucessor de Clinton no governo de Arkansas, Jim Guy Tucker, e o ex-secretário-assistente da Justiça dos EUA Webster Hubbell.

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