São Paulo, terça-feira, 10 de setembro de 1996
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ELEIÇÕES E MAGOS

Duda Mendonça, dublê de publicitário e de marketeiro político, construiu uma imagem de mágico das eleições. É explicável: Duda tornou-se companheiro inseparável de Paulo Maluf, prefeito paulistano, e ajudou-o a vencer o pleito de 1992, depois de uma sequência de quatro derrotas consecutivas.
Reportagem publicada ontem por esta Folha tem o mérito de demonstrar que nem mesmo esse suposto mago dos magos é imbatível em campanhas eleitorais. Ao contrário: perdeu mais do que ganhou (10 derrotas em 18 campanhas).
Não é o caso de particularizar a análise em torno de Duda Mendonça, pois idêntico raciocínio vale para praticamente todos os demais marketeiros políticos, que adotam para si próprios o método usado para os candidatos que vendem aos eleitores: fazem uma formidável autopropaganda, graças à qual conseguem amplificar suas vitórias e varrer suas derrotas para baixo do tapete.
O fato é que não há mágicas em campanhas políticas, por mais que o predomínio do marketing possa transmitir uma sensação inversa.
Há, sim, um conjunto de fatores que, somados, garantem a vitória de um dado candidato, sem que, depois do pleito, se possa, com consistência, determinar qual dos fatores pesou mais ou menos, se é que algum de fato foi determinante.
O marketing é apenas um desses fatores, mesmo numa campanha, como a atual, em que ganhou um papel de extrema relevância.
Mas, também nesse território, vale a observação de que é possível enganar uma pessoa por algum tempo ou muitas pessoas durante muito tempo, mas ninguém consegue enganar todo o mundo o tempo todo.

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