São Paulo, quarta-feira, 11 de setembro de 1996 |
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Governo vai vender fazendas de bancos
ABNOR GONDIM
A medida foi anunciada ontem pelo ministro Raul Jungmann (Política Fundiária), após reunião com a direção do BC. Segundo ele, as fazendas possuem 24.417 hectares, onde poderão ser assentadas cerca de mil famílias. Jungmann disse que a decisão acompanha medida já adotada pelo Banco do Brasil, por 12 bancos estaduais e por grandes proprietários rurais. Disse que todos querem vender terras para a reforma agrária. "Só existe hoje um grande comprador isolado de terras, que é o governo", afirmou o ministro. O diretor de Fiscalização do BC, Cláudio Mauch, informou que terras de outras 40 instituições financeiras em processo de liquidação devem ter a mesma destinação. Recuperar dinheiro Para Mauch, a venda das terras interessa ao BC por facilitar o retorno dos recursos investidos nessas instituições. Isso significa, segundo ele, a recuperação de parte do dinheiro aplicado no Econômico e no Banorte pelo Proer (programa de ajuda aos bancos). Além disso, o diretor afirmou que a venda das terras permitirá que o BC deixe de ter despesas com a preservação e a administração de fazendas. "Não estamos fazendo doação de terras com propriedade privada. Estamos agindo no interesse dos credores desses bancos e no interesse do BC", disse Mauch. As terras das fazendas serão adquiridas com TDAs (Títulos da Dívida Agrária). Jungmann quer usar os títulos também para pagar as benfeitorias das propriedades. Segundo o ministro, os TDAs já despertaram também o interesse dos bancos privados. Ele pretende fazer uma reunião com banqueiros para estabelecer critérios para a aquisição das terras. Para Jungmann, os fazendeiros estão com dificuldades para vender suas terras. Isso porque, segundo ele, os produtores rurais estão endividados, e o custo do dinheiro está muito alto. Apoio do MST A tomada das terras dos bancos foi aplaudida pelo coordenador do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), Gilberto Portes de Oliveira. "A medida era há muito reivindicada pelo MST. Não somos do contra, mas não queremos ficar conversando sem soluções", disse. O MST desativou ontem o acampamento montado desde o último dia 12 na Esplanada dos Ministérios. Segundo o coordenador, os 200 representantes estaduais vão voltar "com mais fôlego para continuar a luta pela reforma agrária". Texto Anterior: Câmara vota hoje projeto sobre a CPMF Próximo Texto: Manifestações de sem-terra e de fazendeiro se encontram Índice |
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