São Paulo, quarta-feira, 11 de setembro de 1996 |
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Marcos Valle ressurge com bossa dançante
MARISA ADÁN GIL
Quem deu o pontapé inicial no revival foi Herbert Vianna, ao incluir "Capitão de Indústria", dos irmãos Marcos e Paulo Sérgio Valle, no último disco dos Paralamas, "Nove Luas". A iniciativa foi acompanhada por um outro movimento, desta vez no exterior: DJs de Londres começaram a tocar as músicas do compositor e lançar compilações com títulos como "The Essential Marcos Valle". Na sequência, um selo independente inglês convidou o cantor para gravar um novo disco. "Não sei por que isso está acontecendo agora", diz Marcos. "Talvez seja uma coincidência, mas, nos dois casos, foi criada uma nova ligação entre a minha música e o público jovem." O autor de "Viola Enluarada" acredita que pode haver público para sua volta. "Há menos preconceito nos anos 90." Bossa e novela O novo disco de Marcos deve ficar pronto em dezembro. "Vai ter um sabor bossa nova, mas com elementos atuais e dançantes." Um dos representantes da "última geração da bossa nova" -que contava, entre outros, com Edu Lobo, Dori Caymmi e Francis Hime-, Marcos foi responsável por dois grandes hits da época. Ao lado do irmão Paulo Sérgio (que fazia as letras), compôs "Samba de Verão", de 1967, e "Preciso Aprender a Ser Só", de 1965, que receberam diversas regravações no Brasil e nos EUA. "Tenho saudade dos encontros daquela época, toda semana, com Dori Caymmi", diz Marcos. "Era uma fase muito criativa." Nos anos 70, a dupla de compositores passou a se dedicar às trilhas de novela. "Naquela época, recebíamos a sinopse e escrevíamos a trilha inteira", conta Marcos. Duas trilhas foram feitas assim: "Selva de Pedra" (de onde Herbert desenterrou "Capitão de Indústria") e "Ossos do Barão". Além disso, os dois irmãos fizeram a trilha brasileira de "Vila Sésamo", temas de novelas como "O Cafona" e a música que, durante anos, seria tema de fim de ano da TV Globo: "Um Novo Dia de Um Novo Tempo". Sorte O cantor não grava há dez anos -desde o disco "Tempo da Gente", de 1986. "Só agora, com esse novo interesse pela minha música, eu me animei a fazer outro disco", diz. Nos anos 80, atuou principalmente como compositor. Antes disso, entre 1975 e 1981, havia tentado a sorte nos EUA. Nos seis anos em que ficou lá, tocou com Airto Moreira e com o grupo Chicago, fez shows e foi regravado por Sarah Vaugham. Agora, tenta novamente a carreira internacional. "Hoje me sinto mais maduro para tentar novamente uma carreira lá fora." Texto Anterior: Joe Zawinul abre festival de Jazz em Santa Catarina Próximo Texto: Irmão compõe para Ara Ketu Índice |
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