São Paulo, quarta-feira, 11 de setembro de 1996
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Marcos Valle ressurge com bossa dançante

MARISA ADÁN GIL
DA REPORTAGEM LOCAL

Marcos Valle, 52, quer deixar sua marca nos anos 90. Disco novo, shows no Brasil e Europa, regravações e compilações trazem de volta à cena um dos compositores mais bem-sucedidos dos anos 60 e 70.
Quem deu o pontapé inicial no revival foi Herbert Vianna, ao incluir "Capitão de Indústria", dos irmãos Marcos e Paulo Sérgio Valle, no último disco dos Paralamas, "Nove Luas".
A iniciativa foi acompanhada por um outro movimento, desta vez no exterior: DJs de Londres começaram a tocar as músicas do compositor e lançar compilações com títulos como "The Essential Marcos Valle".
Na sequência, um selo independente inglês convidou o cantor para gravar um novo disco.
"Não sei por que isso está acontecendo agora", diz Marcos. "Talvez seja uma coincidência, mas, nos dois casos, foi criada uma nova ligação entre a minha música e o público jovem."
O autor de "Viola Enluarada" acredita que pode haver público para sua volta. "Há menos preconceito nos anos 90."
Bossa e novela
O novo disco de Marcos deve ficar pronto em dezembro. "Vai ter um sabor bossa nova, mas com elementos atuais e dançantes."
Um dos representantes da "última geração da bossa nova" -que contava, entre outros, com Edu Lobo, Dori Caymmi e Francis Hime-, Marcos foi responsável por dois grandes hits da época.
Ao lado do irmão Paulo Sérgio (que fazia as letras), compôs "Samba de Verão", de 1967, e "Preciso Aprender a Ser Só", de 1965, que receberam diversas regravações no Brasil e nos EUA.
"Tenho saudade dos encontros daquela época, toda semana, com Dori Caymmi", diz Marcos. "Era uma fase muito criativa."
Nos anos 70, a dupla de compositores passou a se dedicar às trilhas de novela.
"Naquela época, recebíamos a sinopse e escrevíamos a trilha inteira", conta Marcos.
Duas trilhas foram feitas assim: "Selva de Pedra" (de onde Herbert desenterrou "Capitão de Indústria") e "Ossos do Barão".
Além disso, os dois irmãos fizeram a trilha brasileira de "Vila Sésamo", temas de novelas como "O Cafona" e a música que, durante anos, seria tema de fim de ano da TV Globo: "Um Novo Dia de Um Novo Tempo".
Sorte
O cantor não grava há dez anos -desde o disco "Tempo da Gente", de 1986.
"Só agora, com esse novo interesse pela minha música, eu me animei a fazer outro disco", diz.
Nos anos 80, atuou principalmente como compositor. Antes disso, entre 1975 e 1981, havia tentado a sorte nos EUA.
Nos seis anos em que ficou lá, tocou com Airto Moreira e com o grupo Chicago, fez shows e foi regravado por Sarah Vaugham.
Agora, tenta novamente a carreira internacional. "Hoje me sinto mais maduro para tentar novamente uma carreira lá fora."

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