São Paulo, quarta-feira, 11 de setembro de 1996
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Iraque declara vitória e desafia EUA

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Iraque afirmou ter retomado controle sobre o norte do país e disse que o triunfo de seus aliados curdos na região era a pior derrota dos EUA desde a Guerra do Vietnã (1964-73).
Cerca de 75 mil pessoas estavam ontem se dirigindo à fronteira do Iraque com o Irã depois da vitória dos curdos pró-Saddam Hussein na cidade de Suleimania, a maior do Curdistão iraquiano.
Para reforçar a idéia de que havia retomado o poder sobre o Curdistão, o governo iraquiano declarou uma anistia para os curdos que viviam sob a proteção do Ocidente desde que o país perdeu o controle sobre a região, em 1991.
A retomada da influência na área só foi possível depois que o Partido Democrático do Curdistão (PDC) decidiu aceitar o apoio do presidente Saddam Hussein para derrotar seus rivais curdos, a União Patriótica do Curdistão (UPC).
Saddam Hussein também ordenou ontem a retomada do movimento de pessoas e bens no norte do país, acabando com o boicote à região imposto em 1991.
'Hiena enjaulada'
O jornal governista iraquiano "Al Jumhouria" disse em sua primeira página que o presidente dos EUA, Bill Clinton, estava agora como "uma hiena enjaulada, correndo em torno de si mesmo na busca de uma saída".
Mas os EUA alertaram ontem o Iraque a não reconstruir os locais de defesa atacados na semana passada por mísseis americanos.
O ataque ocorreu como represália à ajuda iraquiana no ataque de seus aliados curdos à cidade de Arbil, a primeira na ofensiva do PDC para expulsar seus rivais, que são supostamente apoiados pelo Irã.
Os EUA disseram que o Iraque havia restaurado pelo menos quatro de suas bases de defesa no sul do país. "Deixamos claro a Saddam que, se ele reconstruir as defesas aéreas e ameaçar nossas missões na zona de exclusão aérea, nós vamos tomar uma atitude", disse o porta-voz do Pentágono (centro militar dos EUA), Ken Bacon.
Refugiados
Centenas de refugiados que estavam ontem seguindo em direção ao Irã começaram a retornar ontem para Suleimania, depois de indicações de que o Iraque não retaliaria os curdos pró-Irã.
Mas cerca de 75 mil pessoas ainda continuavam seguindo em direção ao Irã, segundo a ONU, que estava se preparando ontem para fornecer ajuda à região.
O Irã, que afirmou haver 200 mil refugiados em direção ao país, disse ter aceitado alguns deles (feridos), mas pediu ajuda internacional para poder receber os outros.
A Turquia disse ontem ao Iraque que estava determinada a impedir que seus próprios curdos atacassem o país a partir do Iraque. Soldados turcos mataram 23 curdos no sudeste do país ontem.

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