São Paulo, quarta-feira, 11 de setembro de 1996
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Vice renuncia e faz acusações a Samper

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O vice-presidente da Colômbia, Humberto de la Calle, renunciou ao cargo ontem, entregando ao presidente do Senado uma carta datada de domingo.
Na carta, De la Calle diz que a Colômbia "está caindo aos pedaços" e que o governo do presidente Ernesto Samper não consegue reagir à recessão e à ação das guerrilhas.
"A crise que o país atravessa é inusualmente grave. A principal causa é a falta de credibilidade que afeta o presidente, por motivos que todos conhecem", diz a carta.
Tais motivos são as acusações de que a campanha presidencial de Samper e De la Calle recebeu dinheiro dos traficantes de cocaína do cartel de Cali, em 1994. Samper diz que desconhecia as doações e foi absolvido pelo Congresso.
O vice rompeu publicamente com Samper na semana passada, quando pediu que o presidente renunciasse e abrisse caminho para um governo de união nacional.
Samper diz que não renuncia. Agora, o presidente deve indicar um novo vice. O Congresso precisa aprovar o nome.
Entre os mais cotados estão o embaixador em Londres, Carlos Lemos Simons, e o ex-embaixador em Washington Carlos Lleras de la Fuente. O ministro da Defesa, Juan Carlos Esguerra, e o embaixador em Paris, Néstor Humberto Martínez, também são cogitados.
Em entrevista após a renúncia, em um hotel de Bogotá, a capital, De la Calle disse que agora está plenamente convencido de que a campanha teve ajuda do cartel.
O rompimento se prenunciou há vários meses, quando De la Calle deixou o cargo de embaixador na Espanha, que exercia desde logo depois da eleição.
Na época, ele já demonstrava desconforto com a situação política de Samper e tentava desligar sua imagem à dele. De la Calle é ligado ao grupo do ex-presidente César Gaviria. Perdeu para Samper as primárias do Partido Liberal e acabou aceitando o cargo de vice, sem se envolver muito na campanha.
Políticos próximos a Samper -que não se manifestou- consideraram "oportuna" a denúncia. Eles disseram que o presidente deve indicar seu novo vice "rapidamente" -em 30 dias, no máximo. Samper tem maioria no Congresso e o indicado deve ser aprovado.

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