São Paulo, quinta-feira, 12 de setembro de 1996
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Ariano Suassuna lança romance que vem escrevendo desde 1981

Livro foi concluído em 91, mas autor não aprovou resultado

VANDECK SANTIAGO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O escritor e dramaturgo Ariano Suassuna, 69, fechou contrato na semana passada com a editora Record para a publicação de um livro que vem escrevendo desde 1981.
Pelo contrato, Suassuna deve receber cerca de R$ 50 mil de adiantamento, segundo apurou a Agência Folha.
Ele estava sem editora. O último livro que lançou foi "Fernando e Isaura", pela editora Bagaço, de Recife (PE), em 94. Suassuna é secretário de Cultura de Pernambuco e tem 17 livros publicados.
O novo livro tem o título provisório de "Sinésio, o Alumioso". Será um romance ficcional de mais de 400 páginas e trará poemas inéditos do autor, via personagens.
Pelo menos um personagem de outra obra de Suassuna (Quaderna, de "A Pedra do Reino", de 1971) estará no novo livro.
Revisão
"O livro será uma revisão da obra dele, com uma reflexão profunda sobre as questões culturais, políticas e sociais do Brasil", disse em Recife o também escritor Raimundo Carrero, que é uma espécie de "agente literário informal" de Suassuna junto à editora.
Suassuna mantém mistério sobre o livro, mas a Agência Folha apurou que ele está empolgado com o trabalho e considera que será a obra que definirá o conjunto do seu pensamento.
O autor está concluindo os originais e deve enviá-los à editora, no Rio, até o final do ano.
Suassuna chegou a concluir o livro em 91, mas não gostou do resultado final e resolveu reescrevê-lo.
Suassuna escreve tudo a mão e depois ele mesmo datilografa os originais, numa máquina da década de 40.
Perfeccionista, não é raro que demore anos para dar por encerrada uma obra. O romance "A Pedra do Reino", uma das suas principais obras, por exemplo, foi iniciada em 1959 e só publicada 12 anos depois.
Junho de 97
O lançamento do novo livro está marcado para 16 de junho de 97 -data em que o escritor completará 70 anos.
As ilustrações do livro serão gravuras do próprio Suassuna, segundo a editora. A abertura de cada capítulo terá uma vinheta reduzida das gravuras.
Como a edição será "graficamente muito trabalhosa", o livro será rodado fora da Record, disse à Agência Folha por telefone, do Rio, a diretora editorial da empresa, Luciana Villas-Boas.
Foi ela quem comandou a "operação" para levar Suassuna à editora. "Quando eu soube que ele estava avaliando a melhor editora para publicar o livro, fui atrás com vontade", disse Luciana.
Em agosto, aproveitando uma ida de Suassuna ao Rio de Janeiro, ela se encontrou com ele no hotel Glória e acertou tudo. Antes disso, segundo ela, "houve muito 'namoro' ".

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