São Paulo, quinta-feira, 12 de setembro de 1996
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Atrizes grávidas dominam Barrashopping

ERIKA PALOMINO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

Começou anteontem a 2ª Semana Barrashopping de Estilo, o principal período de lançamentos de moda do Rio de Janeiro.
Nesse primeiro dia, a tendência não foram as roupas de inspiração militar que predominaram na temporada paulistana, mas uma série de atrizes grávidas na passarela.
A marca de moda praia Rosa Chá acionou Letícia Spiller. A Sartore trouxe Paula Lavigne, Maria Luiza Mendonça (a eterna Buba) e Andrea Beltrão.
Claudia Raia foi a estrela da marca paulista Zoomp, que encerrou o dia com duas horas e 20 minutos de atraso para entrar na avenida. Ou melhor, na passarela.
Carnaval
Tudo ganhou mesmo contornos algo carnavalescos e performáticos. Ao menos nesse primeiro dia do evento.
O que importa é ter lá seus convidados especiais e garantir a atenção do público e dos fotógrafos -que, como em nenhuma outra cidade do Planeta Fashion, não fotografam todos os looks (ou a maioria deles) e ficam impávidos olhando para o modelo.
Só para lembrar, a fórmula de chamar artistas e descolados foi o início da chamada era dos desfiles em São Paulo, há coisa de três anos. Tem lá suas armadilhas.
Algumas personalidades dos desfiles de anteontem, por exemplo, simplesmente "pagaram um mico" (como se diz aqui no Rio), em performances inadequadas ou constrangedoras. Sem falar nas roupas.
Uma das situações mais dramáticas foi a de Alessandra, mulher do ídolo carioca Túlio, do Botafogo, na Zoomp. A marca contou outros 22 convidados especiais em sua "homenagem ao Rio".
Sem comentar a entrada de Paulo Coelho para a Marcia Pinheiro, que não se deu ao trabalho sequer de vestir o escritor com as roupas da marca.
Destaques
Bem, para não cairmos aqui também nesse conto do vigário de só falar dos artistas, vale observar que a própria Zoomp fez um ótimo desfile.
A marca veio menos pretensiosa e conceitual que na temporada de São Paulo. Editou sua coleção de verão para o gosto carioca e marcou muitos pontos nos looks amarelos, nas camurças e nas peças brancas de piquê.
Até o dourado da Zoomp deu jeito, aqui desdobrado em bermudas e camisas mais leves.
Marcia Pinheiro fez uma boa série de crochês pretos, em tops, saias e camisas, mais as peças em babadinhos de lycra fluo e algumas estampas de animais.
Não precisava ter feito, entretanto, um look moicano tipo Alexandre Herchcovitch.
A Trashy fez um desfile de inspiração 70/80. Look Studio 54 com jeans de cantoneiras, tamancos dr. Scholl, lurex e colãs. Se não tem a melhor roupa do mundo, ao menos demonstrou humor e coerência.
Foi tudo o que não se viu na Sartore, que abriu o desfile com um texto de Antonio Cícero Lima (irmão de Marina Lima), justificando uma alegada inspiração na revolução sexual -que ficou só no papel.
Algumas modelos entravam com um look violência doméstica, com hematomas pelo rosto (?), e a roupa era apenas "modinha", sem qualquer personalidade.
A melhor peça foi um vestidinho-camisa estampado (em Silene Zepter). Na sonífera trilha sonora, samba com trip-hop. Como se diz no meio de moda em São Paulo, "pra quê?"

A jornalista Erika Palomino viaja a convite da organização do evento.

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