São Paulo, quinta-feira, 12 de setembro de 1996
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Selo Blue Note atualiza seus clássicos

CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Escolha uma dúzia de clássicos do jazz dos anos 50 e 60 e entregue-os a jazzistas da cena atual. O resultado dessa receita musical está no álbum "Shades of Blue" -destaque em um pacote de 15 CDs do selo Blue Note que está chegando às lojas.
Produzido pelo arranjador Bob Belden, esse projeto é mais um desdobramento do enorme interesse que os arquivos da gravadora vêm despertando nesta década, especialmente entre a geração do hip hop.
Além de ter apoiado, ou mesmo revelado, dezenas de grandes músicos de jazz, a Blue Note conseguiu imprimir um padrão sonoro que se tornou clássico. Sem falar no refinamento visual das imbatíveis capas de seus álbuns.
Diferentemente de outros projetos mais moderninhos que têm sido produzidos pela Blue Note, o conceito musical de "Shades of Blue" é estritamente jazzístico.
Sem recorrer a remixes ou samplers, artistas do atual elenco do selo, como o baterista T.S. Monk, o pianista Jacky Terrasson ou a cantora Holly Cole, exibem suas leituras pessoais de 12 preciosidades da velha Blue Note.
O repertório do disco inclui desde um tradicional "spiritual" ("Joshua Fit de Battle of Jerico"), revisitado com estilo por Cassandra Wilson, até uma rara versão vocal de "Maiden Voyage" (de Herbie Hancock), interpretada por Dianne Reeves, ao lado da pianista Geri Allen.
A mesma Dianne pode ser ouvida no álbum "The Palo Alto Sessions", que reúne gravações inéditas em CD.
Flagrada nos primeiros anos de carreira profissional, no início da década de 80, a cantora já revelava ter estilo próprio.
Exceto pelos vocais menos encorpados, ou pelos arranjos na linha "fusion", em faixas como "Welcome to My Love" ou "My Funny My Valentine", os fãs de Dianne não vão sentir diferenças essenciais entre essas gravações e as mais recentes.
All Stars
Outro "projeto" incluído no pacote é o CD do Blue Note All Stars, grupo formado pelos novatos Javon Jackson (sax tenor), Kevin Hays (piano) e Bill Stewart (bateria) com os meio-veteranos Greg Osby (sax alto), Tim Hagans (trompete) e Essiet Essiet (baixo).
Apesar do nome um tanto pretensioso, o sexteto não desaponta. Além de bons improvisos, os rapazes também revelam seus recursos como compositores, em 10 das 11 faixas do disco.
Mas quem prefere os bons e velhos mestres da Blue Note pode se deliciar com mais uma fornada de gravações dos anos 50 e 60, relançadas agora em CD.
"Takin' Off", de Herbie Hancock, inclui duas versões da irresistível "Watermelon Man" -irmã-gêmea do hit "Canteloupe Island", que tomou conta das pistas de dança, nos últimos anos, em versão do grupo inglês US3.
Para quem aprecia fusões do jazz com ritmos latinos, o pacote oferece "The Latin Bit", do guitarrista Grant Green.
Entre mambos e boleros jazzificados, aparecem versões salseiras de "Aquarela do Brasil" (Ary Barroso) e "Tico-Tico no Fubá" (Zequinha de Abreu).

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