São Paulo, sexta-feira, 13 de setembro de 1996
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Erundina remanejava para gastar no social

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo gastava de forma oposta à de Paulo Maluf na gestão de Luiza Erundina, mas algo igualava os dois -as suplementações para pagamentos de dívidas e aposentados.
Ela teve de fazer uma suplementação de R$ 907,4 milhões e ele, de R$ 912,8 milhões.
Há duas diferenças: 1) Maluf fez isso em três anos e meio e Erundina, em quatro; 2) ela gastou R$ 4,6 bilhões sob a rubrica de "encargos gerais", na qual estão previstos os gastos com dívidas e aposentados, e ele, R$ 5,2 bilhões.
Já na distribuição de verbas para as secretarias sociais e obras, Maluf e Erundina são antípodas.
Entre 1989 e 1992, ela cortou os gastos com obras para manter os recursos das secretarias sociais e pagar dívidas.
Nesse período, Erundina planejou aplicar o equivalente a R$ 6,45 bilhões nas quatro secretarias sociais. Gastou, de fato, R$ 6,37 bilhões. É 1,3% a menos do que o planejado, mas dá R$ 1,44 bilhão a mais do que Maluf aplicou no setor em três anos e meio.
Já na Secretaria de Vias Públicas, Erundina reduziu os gastos quase pela metade -47% para ser exato. Nos quatro anos, ela previa gastar R$ 3,55 bilhões, mas usou só R$ 1,88 bilhão.
Maior corte
O corte mais brutal aconteceu logo no primeiro ano de governo. O prefeito Jânio Quadros deixou para Erundina uma previsão de gastos com obras de R$ 1,18 bilhão.
Ela gastou R$ 411,1 milhões na Secretaria de Vias Públicas e usou os outros 65% em outras áreas.
Como Erundina manteve os gastos com as secretarias sociais, o remanejamento que fez das verbas para obras foi para a Secretaria de Transportes e para pagar dívidas.
Transportes era um sumidouro de verbas por conta da CMTC, a empresa municipal de ônibus privatizada por Maluf.
Em 1989, por exemplo, Jânio deixou para a área de transportes R$ 111 milhões (2,43% do total do orçamento). Ao final do ano, a secretaria havia consumido R$ 518 milhões (11,3%).
Nos quatro anos, a Secretaria de Transportes de Erundina teve uma suplementação similar à de Vias Públicas sob Paulo Maluf -R$ 813,2 milhões.
(MCC)

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