São Paulo, sexta-feira, 13 de setembro de 1996
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Presidente Geisel morre aos 88 anos, vítima de câncer

DA SUCURSAL DO RIO

O presidente Ernesto Geisel, 88, morreu ontem na Clínica São Vicente, na Gávea (zona sul do Rio), após 21 dias de internação. O general -que, durante seu governo (1974-79), promoveu a distensão política no regime militar- tinha câncer e morreu de insuficiência respiratória.
Segundo o atestado de óbito assinado pela médica Maria Teresinha Calocchio, Geisel morreu às 11h55, de insuficiência respiratória, broncopneumonia e mieloma múltiplo (câncer generalizado).
Foi a sexta internação do presidente neste ano. Em 95, Geisel foi internado outras duas vezes.
A derradeira internação, em 22 de agosto passado, foi causada por uma infecção pulmonar originada por uma broncoaspiração (aspiração acidental de alimento para o sistema respiratório). O câncer, inicialmente, era ósseo, mas atingiu outras áreas.
Carta
O vice-presidente da República, Marco Maciel, entregou ontem à noite uma carta de condolências do presidente Fernando Henrique Cardoso à viúva de Ernesto Geisel, Lucy. O presidente não estará presente ao enterro hoje, às 11h, no cemitério São João Baptista, em Botafogo (zona sul).
Maciel chegou ao velório às 20h40, acompanhado dos senadores Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), José Sarney (PMDB-AP) e Francelino Pereira (PFL-MG), entre outros.
O ex-presidente João Baptista Figueiredo, 78, chegou às 21h30. Colocou a mão sobre a testa de Geisel e chorou. Andando com dificuldade, evitou os jornalistas.
O ex-banqueiro e ex-ministro da Indústria e Comércio (governo Geisel) Ângelo Calmon de Sá também esteve no velório. Às 22h, o Palácio Laranjeiras foi fechado, sendo permitida a presença apenas da família e dos amigos próximos.
Humberto Barreto, ex-assessor de Geisel e amigo da família, disse que o presidente estava em estado de pré-coma nas 48 horas que antecederam a morte. O corpo foi velado no Palácio Laranjeiras.
O chefe da 5ª Seção (Relações Públicas) do Comando Militar do Leste, coronel Luís Cesário da Silveira Filho, informou que o corpo poderia ser levado ao cemitério em um carro de combate Urutu, com escolta de motociclistas das três Forças Armadas e dois jipes do Exército. A família decidiu ontem à noite que não aceitou a oferta. No cemitério, haverá honras militares.
Barreto informou que as cerimônias, a pedido da família, serão as mais discretas possíveis. "Tudo o que for possível cortar, será cortado", disse Barreto.
O velório reuniu amigos, familiares e ex-integrantes do regime militar e do governo do presidente. Entre outros, estavam presentes ex- ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso e o secretário de Segurança Pública do Estado do Rio, general Nilton Cerqueira. Roberto Marinho, presidente das Organizações Globo, esteve no velório no início da noite. Ele chegou às 19h e saiu sem dar entrevista.

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