São Paulo, sexta-feira, 13 de setembro de 1996
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FHC declara luto e divulga nota diferente da de Maciel

Texto do vice é mais enfático nos elogios ao presidente

RICARDO AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso decretou luto nacional de oito dias pela morte do ex-presidente Ernesto Geisel (1974-1979).
FHC e o vice Marco Maciel divulgaram notas oficiais relativas ao fato com diferentes ênfases sobre a atuação do general na Presidência.
FHC disse que Geisel "marcou sua presença política no empenho pelo fim da repressão e pela redemocratização do Brasil, na ótica que lhe parecia a mais adequada".
Maciel foi bem mais enfático. Segundo ele, a vida pública do presidente foi "um incontestável tributo à restauração democrática".
MDB e Arena
A atuação política dos dois na época do governo Geisel (1974 a 1979) pode ser a explicação para a diferença no teor das notas.
Maciel era deputado federal pela Arena, partido que apoiava os governos do regime militar. Chegou a ser presidente da Câmara dos Deputados, de 1977 a 1979.
Já FHC, depois de ter sido aposentado compulsoriamente como professor da USP (Universidade de São Paulo) em 1968, foi professor na Inglaterra (76/77) e França (77), além de participar de conselhos de estudos em diversos países.
Em 78, foi eleito senador suplente pelo MDB paulista, partido de oposição ao regime militar.
Tanto FHC como Maciel lamentaram a morte do ex-presidente.
Em sua nota, FHC lembra que "o presidente Geisel não mediu esforços para repor o país em condições de enfrentar as crises econômicas mundiais e assegurar o crescimento econômico".
Mais extensa, a nota divulgada pela Vice-Presidência da República traz elogios pessoais ao general.
"O ex-presidente Geisel foi virtuoso como cidadão, exemplar como profissional, íntegro como homem público, patriota como político e vitorioso como estadista", diz o texto.
Entre as principais realizações do governo Geisel, Maciel cita a "abolição da censura à imprensa (...) e a restauração do Estado de Direito".
O Ministério do Exército também divulgou uma nota manifestando o "profundo pesar" pela morte de "um de seus mais ilustres filhos". A nota diz que, "com justiça, a história lhe reservará um local de destaque por sua obra em prol do desenvolvimento nacional e da consolidação da democracia brasileira".

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