São Paulo, sexta-feira, 13 de setembro de 1996
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Banqueiro já admite perder o controle

SHIRLEY EMERICK

SHIRLEY EMERICK; GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

BC estuda empréstimo especial para sanear banco, mas Andrade Vieira passaria a acionista minoritário

GUSTAVO PATÚ
Coordenador de Economia da Sucursal de Brasília
O senador José Eduardo de Andrade Vieira (PTB-PR) sinalizou à diretoria do Banco Central que pode abrir mão do comando do Bamerindus em um acordo para recuperar o banco.
Nesse caso, o senador continuaria como um dos acionistas do Bamerindus, mas não teria mais os poderes de controlador. Ou seja, deixaria de ter interferência na administração da instituição.
A forma como isso se daria está em negociação com o BC. A idéia no Banco Central é, pelo menos, tornar Andrade Vieira acionista minoritário do Bamerindus.
Segundo a Folha apurou, a disposição de Andrade Vieira deve abrir caminho para que o BC conceda, em outubro, um empréstimo em condições especiais ao Bamerindus.
Nos últimos dois meses de negociações, a cúpula do BC resistiu a uma solução para o banco do senador que não envolvesse troca de controle acionário ou, ao menos, mudança no comando.
Esse tem sido o ponto mais delicado das negociações. Andrade Vieira, além de ex-ministro da Agricultura, foi um dos financiadores da campanha do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Alternativas
Até poucos dias atrás, Andrade Vieira não aceitava deixar o comando do Bamerindus, que sob seu comando se tornou um dos cinco maiores bancos do país.
Entretanto, as alternativas para o banco paranaense foram se esgotando. A venda da carteira imobiliária para a CEF (Caixa Econômica Federal), por exemplo, fracassou.
Para que a operação fosse possível, a CEF precisaria de dinheiro do programa de fusões bancárias -que só sai do cofre em caso de mudança de controle acionário.
Outra saída era negociar a Inpacel, fábrica de celulose do senador Andrade Vieira. A venda serviria para capitalizar a instituição financeira, mas até agora não vingou.
A opção preferida pelo Banco Central ainda é a venda do Bamerindus para outra instituição. Nesse caso, a operação seria financiada pelo Proer -programa de fusões bancárias. No BC, a informação é que três instituições estariam interessadas em comprar o banco de Andrade Vieira.
O BC corre contra o tempo porque o Proer deixa de existir no final deste ano, segundo a medida provisória que o criou. O presidente do BC, Gustavo Loyola, já disse que não pretende estender o programa.

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