São Paulo, sexta-feira, 13 de setembro de 1996
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Falta aquilo roxo

WILSON BALDINI JR.

Muitas injustiças foram feitas com grandes boxeadores do passado. Os especialistas das décadas de 50 e 60 ousaram criticar o lendário Archie Moore só porque este tentou, por duas vezes, sem êxito, o título mundial dos pesados. Isso depois de reinar entre os meio-pesados. "Ele não é um pesado natural."
Pelo mesmo motivo, Evander Holyfield nunca teve o respeito merecido, mesmo ganhando duas vezes o título na principal categoria do pugilismo. "Ele não tem pegada."
Já em novembro do ano passado, Ken Norton (que proporcionou combates históricos com Muhammad Ali e George Foreman nos anos 70) ficou surpreso com a falta de preparo físico de Riddick Bowe. "Antes, lutávamos 15 roundes em um ritmo alucinante e fazíamos dez lutas por ano. Hoje, esses garotos boxeam três roundes e lutam uma vez a cada seis meses".
Mas porque esses brutamontes iriam se esforçar? Basta ter um físico bonito, ser falastrão, entrar no ringue, fingir que recebeu um golpe, passar no banco e descontar um cheque de US$ 5 milhões.
Para se ter uma idéia, Joe Louis precisou ficar mais de dez anos com o título de campeão mundial, nos anos 40, para somar pouco mais de US$ 1,5 milhão. Já Muhammad Ali reconquistou duas vezes o título na década de 70 e abocanhou US$ 60 milhões. Não existe marmelada nas lutas de Tyson.
Acontece que a categoria dos pesados está cheia de maricas, verdadeiros covardes, medrosos que apenas estão atrás de dinheiro.
Agora, Don King promete Holyfield para 9 de novembro. Tomara! Holyfield vai perder, assim como todos os outros, caso Tyson esteja em forma, mas pelo menos teremos dignidade, respeito e honra sobre o ringue.
Outro que não iria desapontar, apesar dos 48 anos, seria Foreman. Seldons, Brunos etc, esses poderiam fazer outra coisa. O boxe não precisa deles.

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