São Paulo, sexta-feira, 13 de setembro de 1996
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Ódio toma lugar da razão

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

"O Ódio", de Mathieu Kassowitz, e "Bye Bye", de Karin Dridi, são dois filmes que renovam o cinema francês.
Como "Bye Bye" só chegou aqui em sessões especiais, fiquemos com "O Ódio" (Eurochannel, 22h). Vemos Paris, mas não mais a Paris aprazível da Nouvelle Vague, nem a Paris desfigurada à força de esteticismo pela geração dos anos 80.
É a cidade dos desiludidos. Dos jovens imigrantes (ou filhos de) sem grande possibilidade de inserção na vida social e profissional do país. Dos excluídos culturalmente.
Enfim, à discreta perseguição a esses plebeus soma-se uma falta de perspectivas quase escandalosa. Num outro tom, com outros propósitos, estamos num universo paralelo ao de "Faça a Coisa Certa", de Spike Lee: chega um ponto em que nenhum dos lados consegue mais fazer algo dotado de sentido.
É claro que, perto das disfunções brasileiras, pode-se argumentar que isso que se vê em "O Ódio" são águas de rosas. São. Mas quando a coisa acontece em Paris, capital da razão (e acontece), é sinal de alerta para o mundo em geral.
(IA)

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