São Paulo, sexta-feira, 13 de setembro de 1996
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J.J. Benítez considera "mágica" sua obra

RICARDO FELTRIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de vender 5 milhões de livros no mundo -1,5 milhão no Brasil-, o escritor espanhol J.J. Benítez se dá o direito de ser um convencido.
Benítez, 50, diz que seus livros da série "Operação Cavalo de Tróia" têm um caráter mágico, não aceita ser chamado de romancista ou autor de ficção e se autodefine como jornalista. Esquece de acrescentar a palavra milionário.
O escritor quer fazer crer que o conteúdo relatado nos cinco volumes de "Cavalo de Tróia" (Editora Mercuryo) é real.
A série conta a saga de militares norte-americanos envolvidos em pesquisas secretas da Nasa sobre a volta no tempo e no espaço.
Tais ações "acontecem" no Oriente Médio e o escritor declara que teve acesso a documentos confidenciais. O próprio Benítez é personagem em sua obra.
Os livros são recheados de supostas fórmulas matemáticas que justificariam a possibilidade de uma máquina do tempo existir. "Não entendo nada de matemática", afirma ele.
O primeiro livro da saga até que foi bem recebido por parte dos críticos europeus e norte-americanos, que consideraram "original" aquela obra do espanhol nascido em Pamplona.
Mas, a partir do segundo volume, Benítez virou vítima de uma espécie de "síndrome de Carlos Castañeda": de louvado, o escritor passou a espinafrado.
J.J. (de Juan Jose) Benítez está no Brasil para uma série de palestras, em plena divulgação do seu 32º livro: "Operação Cavalo de Tróia 5 - Os Outros Mundos" (R$ 35 e 320 páginas). A seguir, trechos da entrevista com o escritor.
*
Folha - Por que o sr. esperou seis anos para lançar o quinto volume da "Cavalo de Tróia"? Motivos mercadológicos?
J.J. Benítez - Não. Não houve nenhum interesse de mercado ou econômico. Há uma razão muito importante que está nesse novo livro. Ele não é uma novela normal. Ele tem um caráter mágico e o mundo tinha de estar preparado mentalmente para recebê-lo... Estou preparando mais um volume, que deve sair no ano que vem.
Folha - Como o sr. vê o fato de ter sido inicialmente bem recebido pela crítica e depois virar "charlatão" para essa mesma crítica?
Benítez - Nunca arroguei ser romancista nem nada. Eu sou apenas um jornalista, não tenho interesse em ser outra coisa.
Folha - O sr. afirma que o conteúdo de "Operação Cavalo de Tróia" é jornalístico?
Benítez - Sim. Não é ficção. Parece ficção, mas não é. É real.
Folha - Resumindo, o sr. está afirmando que a Nasa já tem uma "máquina do tempo" e sabe como utilizá-la?
Benítez - É possível.
Folha - O sr. mescla cristianismo e ciência. Afinal, acredita mais no poder da fé em Cristo ou no poder da ciência?
Benítez - Em ambos.
Folha - Uma telenovela brasileira vem tratando do polêmico tema reencarnação. O sr. acredita?
Benítez - Não acredito. Mas acho que quem acredita tem esse, digamos, direito.

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