São Paulo, sexta-feira, 13 de setembro de 1996
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Trunfo de "Loura Incendiária" está em orçamento baixo

Câmera se subordina à palavra em filme B de Mauro Lima

MURILO GABRIELLI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Orçamento baixo, filmagem em 16mm realizada a toque de caixa, cenários pobres. Como em todo filme B que se preze, o brasileiro "Loura Incendiária" encontra nessas adversidades seus maiores trunfos.
O frescor e a ousadia presentes nesse tipo de produção compensam as falhas que as condições iniciais acarretam.
Dirigido por Mauro Lima, o filme é ambientado na festa que uma associação de solteiros convictos organiza para um membro desertor. A horas tantas, descobre-se um cadáver na adega. Segue-se o suspense.
O ator Marcelo Mansfield assina o roteiro, baseado em sua peça homônima. E a filiação teatral é causa dos maiores problemas de "Loura Incendiária".
Dentro do ambiente fechado da festa, a câmera perde sua autonomia, se torna subordinada à palavra. Com isso, os próprios diálogos tendem a esmaecer: em descompasso com a imagem, despejam-se aos borbotões, transformados em mero som na mente do público.
Quando se narram eventos em flash-back, o filme pode mostrar aquilo que num palco só poderia ser contado. Retomada sua independência, tem então seus mais interessantes momentos.
Mesmo aí, porém, a adaptação não se faz sem turbulências: explicações em off repetem aquilo que a retina já captou.

Filme: Loura Incendiária
Direção: Mauro Lima
Com: Marcelo Mansfield, Angela Dip
Quando: às sextas e sábados, às 23h30, no Espaço Unibanco de Cinema 4

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