São Paulo, sexta-feira, 13 de setembro de 1996
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Opositores pedem ajuda no norte

KURT SCHORK
DA "REUTER", EM SALAHUDDIN

Os oposicionistas iraquianos financiados pelos EUA para derrubar Saddam Hussein vivem hoje com medo em um hotel, pedindo ajuda internacional. "Estamos em desespero. A morte nos espera se o mundo não atender a nossos apelos", diz um membro do Congresso Nacional Iraquiano de 38 anos, escondido no hotel Al Khadra, em Salahuddin, norte do Iraque.
Cerca de 250 membros do CNI conseguiram escapar de Arbil, 30 km a sudoeste, no dia 31 de agosto, quando as tropas de Saddam ocuparam a cidade.
Agentes começaram a vasculhar a cidade à procura de membros do CNI, fundado em 1992 com financiamento americano.
O CNI tinha cerca de 1.500 membros em Arbil, dos quais pelo menos 250 desaparecidos -provavelmente mortos. O presidente do grupo, Ahmad Chalabi, disse em um comunicado divulgado em Londres que estava negociando com os EUA para garantir o futuro dos refugiados no norte.
"Eles arriscaram suas vidas para se opor à ditadura de Saddam e não podem ser abandonados. Eles passam por grave perigo frente à brutal polícia secreta de Saddam", disse Chalabi.
O líder afirmou que o CNI encontrou "solidariedade e preocupação" pela sua causa em Washington e que medidas estão sendo tomadas para garantir a segurança de seus membros no norte do Iraque. Ele não explicou as medidas.
Escritório
Os 250 membros do grupo, a maioria homens, deixaram Arbil sob fogo cerrado. O hotel é usado como escritório há vários anos. Eles têm armas leves e vigiam a entrada com fuzis Kalachnikov.
Os fugitivos dizem desconhecer qualquer plano para serem resgatados. "Só sairemos daqui como um grupo e quando tivermos alguma garantia internacional para nossa segurança", disse um deles, Ali Sali, 32.
"Preferimos lutar e morrer aqui ou cometer suicídio a cair nas mãos de Saddam e ser torturados. Mas perdemos o contato com nossos líderes em Londres. Até a Cruz Vermelha diz que não pode nos ajudar."
Um funcionário do governo americano defendeu, em entrevista ao jornal "The Washington Post", nesta semana, a idéia de que os EUA não devem tentar resgatá-los, pois a CIA só financiou suas atividades, sem comandá-las.

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