São Paulo, sexta-feira, 13 de setembro de 1996
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Avião F-117A é feio, porém eficaz

RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Se feiúra ganhasse guerra, o avião de ataque americano F-117A seria invencível. Ele parece uma ponta de flecha feita por um índio alcoolizado, ou por um homem pré-histórico já pós-moderno.
Todo anguloso, o F-117A foi projetado para ser quase invisível aos radares. Isso fez dele a principal "arma de castigo" americana.
Trata-se, politicamente, de uma versão tripulada dos mísseis de cruzeiro -isto é, a arma ideal para bombardear o inimigo sem correr o risco da perda de um aviador.
No primeiro dia da Guerra do Golfo, entre 16 e 17 de janeiro de 91, os F-117A constituíam apenas 2,5% da força atacante. Mas foram responsáveis por 31% dos alvos. Nenhum deles sofreu sequer um tiro de raspão nessa guerra.
Basta lembrar daquelas fotos e imagens de TV hoje clássicas, do céu de Bagdá riscado por disparos de canhões antiaéreos, para perceber o tamanho da façanha. Mesmo sem fazer pontaria em um ponto na tela de radar, os iraquianos poderiam ter causado algum estrago atirando maciçamente a esmo.
A forma exótica foi a maneira que os brilhantes projetistas da empresa Lockheed encontraram para fazer do F-117A um avião "furtivo" (em inglês, "stealth"), isto é, difícil de ser localizado.
O radar funciona emitindo ondas de rádio e analisando o seu eco, depois de as ondas baterem em algum objeto. O "objeto" F-117A foi feito para refletir muito pouco dessas ondas, seja pela forma, seja pelo material especial que o reveste.
Ele também tem seus motores bem "enterrados", pouco visíveis, para que a detecção pelo calor (radiação infravermelha) também seja difícil. E, ainda por cima, ele é pintado de preto e só atua de noite.
O F-117A foi o único avião a atacar o centro de Bagdá, sempre de noite, graças à sua relativa invulnerabilidade e precisão. Usando bombas guiadas por raio laser do tipo GBU-27, ele pode acertar um edifício e deixar os outros em volta relativamente intactos.
Nem sempre isso é bom. Um ataque perfeito, em termos técnicos, na madrugada de 13 de fevereiro de 91, destruiu o abrigo antiaéreo Al Firdos, em Bagdá, dentro do qual os americanos esperavam achar militares. Mas eram civis. Cerca de 200 morreram.

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