São Paulo, sexta-feira, 13 de setembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Espanha quer o depoimento de argentinos sobre desaparecidos

Mais de cem membros das Forças Armadas devem testemunhar

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Um juiz espanhol convocou mais de cem membros das Forças Armadas argentinas para depor sobre o desaparecimento de espanhóis durante o regime militar (1976-83) na Argentina.
Os principais líderes do golpe de 1976, o ex-presidente argentino general Rafael Jorge Videla (1976-81), o brigadeiro Orlando Agostit, o almirante Emílio Eduardo Massera e o capitão-de-fragata Alfredo Astiz, estão entre convocados para depor.
O juiz Baltasar Garzón investiga o desaparecimento de mais de 260 espanhóis durante o regime militar na Argentina, quando milhares pessoas, suspeitas de manter ligação com a esquerda radical, foram sequestradas e mortas.
O Exército argentino evitou comentar o assunto. "Se não opino sobre a nossa Justiça, falo muito menos sobre a Justiça internacional", disse o general Martín Balza.
Segundo Juan Aberg Cobo, advogado de Alfredo Astiz, a convocação é "um plano de ação da esquerda para continuar seu revanchismo contra a paz no país".
Astiz foi condenado à revelia em Paris por sua responsabilidade no desaparecimento de duas freiras francesas em 1977.
"É necessário saber em que esse juiz se baseou para depois analisar a situação e então adotar as medidas necessárias sobre o caso", afirmou Cobo.
Ordem de prisão
No documento, Garzón convoca os argentinos para depor na Audiência Nacional. Os promotores espanhóis afirmaram que estão tentando junto à Interpol permissão para emitir ordem de prisão internacional a quem se recusar.
Segundo o juiz espanhol, os citados devem se declarar imputados. Mas no caso particular de Videla, Garzón deseja interrogá-lo sobre "sua participação no sequestro e morte" dos espanhóis.
Garzón também convocou os parentes de todas as vítimas para testemunhar.
A Justiça espanhola aprovou a criação de uma polícia especial para coordenar as buscas por informações sobre os desaparecidos.

Texto Anterior: A eleição na Bósnia
Próximo Texto: Médico estrangeiro deve assistir Ieltsin
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.