São Paulo, sábado, 14 de setembro de 1996
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TRE de Alagoas pede tropas na eleição

SILVANA DE FREITAS; ARI CIPOLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA E DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

As eleições municipais em Alagoas estão ameaçadas pela falta de segurança. O presidente do Tribunal Regional Eleitoral, desembargador Ayrton Tenório Cavalcante, disse que não haverá votação sem tropas federais.
"Se o envio de tropas do Exército for negado, eu não faço eleição, porque não terei garantia", disse.
As polícias Militar e Civil de Alagoas estão em greve por atraso nos pagamentos.
O socorro financeiro do governo federal, de R$ 65 milhões, chegou ontem a Alagoas, mas não foi suficiente para interromper a greve, que se estende também aos setores de educação, saúde e Fisco.
O dinheiro é suficiente apenas para pagar os salários de abril e de maio dos 67 mil servidores, mas eles ainda têm a receber os meses de junho, julho, agosto e o 13º salário de 95.
O secretário de Segurança, José Amaral, tentou cancelar os comícios em todo Estado, alegando falta de segurança.
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Marco Aurélio de Mello, disse que vai esperar até 26 de setembro pela volta da PM ao trabalho.
Se a greve persistir, o plenário do TSE julgará o pedido. O envio de tropas ao Rio foi rejeitado. Outros sete Estados também querem força federal nas eleições.
Exército
A expectativa da presença do Exército foi o principal tema de uma reunião, ontem à tarde, dos representantes dos 27 tribunais regionais com o presidente do TSE.
Há uma preocupação generalizada quanto à guarda das urnas eletrônicas nas seções eleitorais, na véspera do pleito.
Marco Aurélio sinalizou a tendência de negar a maioria dos pedidos. "A eleição é uma festa cívica. Tanto quanto possível, temos que deixar as forças nos quartéis."
Segundo ele, o envio de tropas compromete a imagem do Brasil no exterior. "Será que só podemos realizar eleições com o Exército nas ruas?", indagou.
Caos no Rio
O presidente do TRE do Rio, desembargador Antônio Carlos Amorim, protestou contra a rejeição de seu pedido e previu o "caos" em 3 de outubro com a segurança restrita à PM do Estado.
Amorim criticou a consulta feita pelo TSE ao governador Marcello Alencar (PSDB), que assegurou haver PMs suficientes.
"Transferiu-se a decisão a políticos, quando essa competência é dos juízes. O governador respondeu o que era conveniente. Ninguém confessa a sua impotência."
Amorim afirmou que as eleições deste ano poderão ser ainda piores que as de 94, quando houve nova votação por denúncia de fraude.
Para ele, há risco de destruição das urnas eletrônicas e de ação violenta de quadrilhas do tráfico de drogas. Quatro juízes eleitorais estariam protegidos por seguranças.
O TRE do Rio informará ao governador qual é o efetivo de PM que precisará em 3 de outubro. O TSE poderá rever a questão se Alencar recuar ou se o TRE provar que a estrutura da PM é precária.
(SILVANA DE FREITAS e ARI CIPOLA)

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