São Paulo, sábado, 14 de setembro de 1996
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'Conservadores' pesam na sucessão de cardeal

D. Paulo completa 75 anos hoje

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

A sucessão do cardeal arcebispo de São Paulo, d. Paulo Evaristo Arns, que completa 75 anos hoje, passa pelas mãos de dois outros cardeais que sempre estiveram no campo oposto ao dele.
Hoje, o presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), d. Lucas Moreira Neves, e o cardeal do Rio, d. Eugênio de Araújo Sales, expoentes do chamado setor "conservador" da igreja, são os religiosos com maior influência junto à Cúria Romana.
Nos bastidores da arquidiocese paulistana, a relação dos dois cardeais com a alta hierarquia do Vaticano é vista como um indício de que d. Paulo não conseguirá indicar seu sucessor.
D. Lucas tem sido citado como um dos candidatos à sucessão.
As diferenças entre o grupo de d. Paulo, que também tem entre seus expoentes o atual arcebispo de Aparecida, d. Aluízio Lorscheider, e o grupo de d. Lucas e d. Eugênio, pode ser mensurada pelas eleições para a presidência da CNBB.
Os dois grupos sempre bateram chapa nas assembléias-gerais da entidade, realizadas em Itaici (40 km de São Paulo).
Nos últimos 15 anos, a única vez que o grupo "conservador" venceu foi no ano passado, com a eleição de d. Lucas. A hegemonia dos "progressistas" na CNBB nunca foi digerida pelos dois cardeais, que são muito próximos ao papa.
Para alguns amigos mais próximos, d. Paulo já deu indícios de que gostaria que seu sucessor fosse um de seus bispos-auxiliares, em particular o do Ipiranga (zona sul), d. Antônio Celso Queiroz.
Entre os religiosos e leigos ligados à arquidiocese paulistana, outros nomes vistos com simpatia são o do bispo de Mariana (MG), d. Luciano Mendes de Almeida, e d. Geraldo Magela, que ocupa hoje um cargo no Vaticano.
Não há prazo para a decisão do papa sobre a sucessão. Há três opções de resposta: 1) Ele aceita a renúncia e indica o sucessor; 2) Aceita a renúncia e nomeia um administrador apostólico até o anúncio do novo arcebispo; 3) Pede para d. Paulo continuar.
Oficialmente, a praxe no Vaticano é primeiro aceitar, ou não, o pedido de renúncia. Em seguida, a nunciatura faz um estudo e apresenta a Roma alguns nomes. Por fim, o papa faz a escolha.
Missa
Será realizada hoje às 15h30 uma missa na catedral da Sé para comemorar o aniversário de 75 anos de d. Paulo. Estarão presentes seus seis bispos-auxiliares e boa parte dos 771 padres e 2.000 freiras da Arquidiocese de São Paulo.
Muitas comunidades católicas e paróquias estão fretando ônibus para irem à missa, que está sendo considerada praticamente uma "despedida" para d. Paulo.
No dia 23, uma segunda-feira, o governador Mário Covas determinou a realização de um concerto da Orquestra Sinfônica do Estado, no Memorial da América Latina, em homenagem a d. Paulo.

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