São Paulo, sábado, 14 de setembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Educadores temem distorções

ANDRÉ FONTENELLE
DA REPORTAGEM LOCAL

Embora saúdem a emenda aprovada anteontem como necessária para a melhoria do ensino fundamental brasileiro, especialistas temem que a educação infantil (anterior ao 1º grau) e a alfabetização de jovens e adultos percam espaço.
Para a professora da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica) Maria Malta Campos, 56, será preciso buscar "outros recursos para a educação infantil".
A professora, pesquisadora em educação infantil, teme "retrocesso" nessa área, em municípios paulistas que hoje investem apenas em creches e pré-escolas.
Oswaldo José Fernandes, 50, presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação de São Paulo, acha que parcerias com empresas podem ser uma resposta. Ele aplaude a emenda: "Priorizar o ensino fundamental é fundamental."
"No campo da educação de jovens e adultos, a emenda é uma catástrofe", diz Sérgio Haddad, 46, professor da PUC-SP e secretário executivo da Ação Educativa, organização não-governamental que faz campanhas de alfabetização.
Segundo ele, a emenda "desqualifica a educação de jovens e adultos" para privilegiar a de crianças.
Outra preocupação dos profissionais da área é a regulamentação da emenda. Para o presidente do Conselho Estadual de Educação, Francisco Aparecido Cordão, 51, a promulgação "é um grande passo". "Agora a gente tem que cuidar da regulamentação", ressalva.
"A emenda representa um grande incentivo para que os municípios assumam o ensino fundamental em São Paulo", constata Cordão. Hoje, segundo o MEC, 89% do ensino fundamental em São Paulo está a cargo do Estado.
A regulamentação preocupa Moacir Gadotti, 54, professor da Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo):
"É preciso saber como vai ficar a responsabilidade do Estado."
Gadotti elogia particularmente a criação de um fundo, mas considera que faltou "discussão com a sociedade e com o magistério" na elaboração da emenda promulgada.

Texto Anterior: 'Projeto é fim de clientelismo'
Próximo Texto: Sorocaba cria supletivo de 1º grau grátis
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.