São Paulo, sábado, 14 de setembro de 1996
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Metrô faz 22 anos e perde eficiência

ROGÉRIO GENTILE
DA REPORTAGEM LOCAL

O metrô de São Paulo, que completa hoje 22 anos de operação, transporta mais passageiros por metro quadrado do que a capacidade projetada para os trens.
As composições foram planejadas para rodar com até seis passageiros por metro quadrado. Os trens da linha 3-vermelha (antiga leste-oeste), porém, viajam com oito pessoas por metro quadrado no pico.
"É como um carro que tem capacidade para levar cinco pessoas, mas transporta, todo dia, sete ou oito", afirma o diretor de operação da Companhia do Metropolitano , Paulo Celso Mano Moreira da Silva.
"É lógico que acaba perdendo um pouco da sua eficiência. Fica mais apertado, apresenta mais defeitos e o tempo de desembarque aumenta porque tem mais gente para descer."
Segundo ele, na linha 1-azul (antiga norte-sul) os trens rodam no limite máximo previsto.
No ano passado, 694 milhões de passageiros usaram o sistema. Em 1985 foram transportados 540,8 milhões. Nesse período houve um acréscimo de apenas 4,7 km nas linhas. Ou seja, se antes a média era de 13,9 milhões de pessoas por quilômetro, hoje são 15,9 milhões por quilômetro.
Investimentos
O governo do Estado está retomando as obras de extensão do metrô, paralisadas desde 1992, com um financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) no valor de R$ 767 milhões.
Serão feitas as extensões leste (que será operada pela CPTM, Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), norte e da Paulista-oeste. As obras devem estar finalizadas até o segundo semestre de 1998.
O Estado pretende aliviar a linha leste, fazendo com que a ferrovia leste tronco da CPTM passe a ser uma linha expressa. Os trens serão modernizados e as estações intermediárias vão ser suprimidas, fazendo com que os trens viagem mais rápido entre o centro e Guaianazes.
Em março de 1997, o Estado deve abrir concorrência para a construção da linha 4, ligando o ramal Paulista com a Vila Sônia, na zona oeste. Metade do investimento, R$ 750 milhões, será pago pela iniciativa privada, que vai poder explorar a linha por 20 anos. A linha 5 (Capão Redondo-Embuaçu) também deverá ser licitada no próximo ano.
Violência
Nos últimos dez anos, a violência dentro do metrô também aumentou bastante. Em 1985 foram registradas 2.904 ocorrências contra usuários, sendo 186 roubos e 63 furtos.
No ano passado, foram feitas 3.963 ocorrências, sendo 549 roubos e 2.522 furtos. "Nós não estamos isolados do resto da cidade", afirma o diretor."Quanto mais gente, maiores são os problemas", diz.
A estação mais violenta é a da Sé. No ano passado ocorreram 1.033 crimes contra o patrimônio do usuário e 101 contravenções penais. Os casos são registrados na Delegacia do Metropolitano (Delpom), no terminal Tietê.

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