São Paulo, sábado, 14 de setembro de 1996
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Livro desvenda segredos do marketing na Internet

LUCIA REGGIANI
DA REPORTAGEM LOCAL

"Como Fazer Marketing na Internet", de Daniel S. Janal, é um bom começo para o profissional de marketing que está querendo ingressar na Internet, a rede mundial de computadores.
Para os que já estão familiarizados com a rede, vale a discussão -o próprio autor reconhece que o uso comercial da Internet está em plena infância e não há consenso sobre como abordar essa mídia.
O básico está bem posto por Janal, um dos criadores do America Online, o maior dos serviços de avisos on line dos EUA, e especialista em propaganda na Internet.
Seu maior mérito é procurar não iludir o leitor. Deixa claro que ainda não foi encontrado um termômetro adequado à natureza aberta do sistema, nem mesmo para medir sua "população".
Pondera, por exemplo, que um usuário pode estar cadastrado em vários provedores de acesso, enquanto um assinante de um único provedor libera seu acesso para toda a família, o que mascara pesquisas ciberdemográficas.
Para compensar a ausência de medidas confiáveis, Janal recheia o livro com "cases" interessantes e detalha o horizonte que se abre para as empresas nessa mídia barata, de espaço ilimitado e de comunicação rápida com o cliente.
Para arredios
O autor não deixa dúvidas sobre o perfil avesso ao marketing de persuasão do cibernavegante.
Embora tenha nível superior, mente aberta e dinheiro para gastar, o usuário da Internet quer informação objetiva, rápida e tem muita má vontade com anúncios.
É aqui que entram as técnicas do autor. A fundamental é disfarçar a mensagem com muita informação. O anúncio do filme "Forrest Gump" para o America Online é citado como exemplo.
Anunciou-se o lançamento com informações sobre bastidores, atores e o filme de forma interativa -o consumidor escolhia as informações e a ordem em que as examinaria.
Janal recomenda, principalmente, que o profissional de marketing não ofenda seu público-alvo anunciando em áreas proibidas, como os grupos de discussão, ou perpetrando erros gramaticais.
A netiqueta, código de conduta na rede mundial, tem capítulo especial, com dicas contra gafes. A origem militar da grande rede e a criação dos serviços on line têm, igualmente, capítulo à parte.
Pecados
O próprio livro evidencia a distância entre a mídia eletrônica e a impressa. Foi escrito no ano passado, com dados de pesquisas de 1994. Na própria rede, hoje, encontram-se dados atualizados por pesquisas até diárias.
Além disso, Janal comete alguns pecados. Repete informações em vários capítulos, o que deixa o leitor com a sensação de que o autor não tem muito o que dizer.
Também passa rápido demais pelo obstáculo das linhas telefônicas ruins, que tornam lentas as transferências de arquivos na rede. Isso pode não ser um drama nos EUA, mas é no Brasil.
Outro problema de livro escrito para outra realidade é o espaço dedicado aos serviços on line norte-americanos. Embora estejam ensaiando se abrir para a Internet, são redes privadas, cujo acesso custa ligação internacional.

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