São Paulo, sábado, 14 de setembro de 1996
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Bancos captam R$ 1 bi para crédito rural

SHIRLEY EMERICK
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os bancos privados captaram no exterior, neste ano, o equivalente a R$ 1 bilhão para aplicar no financiamento da safra agrícola.
Esse volume, acumulado até agosto, representa mais que o triplo dos R$ 310 milhões do ano passado.
Os números mostram o crescimento das operações apelidadas no mercado de "63 caipira", em referência à resolução 63 do Conselho Monetário Nacional, que estabelece as regras para captação de dinheiro no exterior por bancos.
Segundo o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Guilherme Dias, a participação dos bancos privados no financiamento da atual safra será maior devido ao aumento dos empréstimos externos.
O Banco do Brasil vai responder por menos da metade do crédito para a safra deste ano. Dos R$ 5,2 bilhões prometidos pelo governo, o BB entrará com R$ 2,53 bilhões.
No ano passado, o BB fez 80% do financiamento agrícola, com liberações de R$ 3,38 bilhões.
O próprio BB também recorreu à "63 caipira". Em 95, o banco tomou R$ 30,18 milhões emprestados no exterior para repassar aos produtores, e a previsão para este ano é chegar a R$ 400 milhões.
Dívidas junto ao BB
Um dos motivos da redução da aplicação do BB no setor foi a renegociação da dívida rural, envolvendo, até agora, R$ 5,9 bilhões transformados em títulos com prazo de sete anos.
Como essa operação é contabilizada como um financiamento agrícola, o banco já cumpriu os percentuais mínimos de aplicação no setor exigidos pelo Banco Central.
O expediente poderá ser usado durante os próximos sete anos.
Segundo o presidente do BB, Paulo César Ximenes, a agricultura tem hoje 60% do total de empréstimos do BB -ou R$ 18 bilhões de um crédito total de R$ 30 bilhões.
Pendências
Guilherme Dias disse que o BB deve ter ainda que resolver pendências de R$ 5 bilhões com devedores do setor.
É que, quando o governo autorizou a troca da dívida agrícola por títulos públicos, o limite máximo permitido na renegociação era de R$ 200 mil por produtor.
Em alguns Estados, como Mato Grosso e Rio Grande do Sul, muitos produtores deviam mais do que esse limite.
Esses agricultores ainda não renegociaram o débito, e a lei que autorizou a securitização permitiu uma renegociação dessas operações.
Embora não haja, no momento, uma solução para esses R$ 5 bilhões, as operações foram consideradas renovadas e também contabilizadas para cumprir as exigências do Banco Central.

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