São Paulo, sábado, 14 de setembro de 1996
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Menem não muda política econômica

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente da Argentina, Carlos Menem, disse ontem que não mudará a política econômica do país e que seguirá adiante até o término de seu mandato, em 1999.
"Não vou fazer o papel do rato abandonando o barco. Ao contrário, sou o capitão deste barco", afirmou Menem ao comentar o "apagón" (blecaute).
O protesto contra a política econômica fora convocado na noite anterior por organizações políticas, sindicais e empresariais de oposição. Com déficit fiscal de US$ 6,6 bilhões estimados para 1996, a Argentina enfrenta uma taxa de desemprego de 17,1% de sua força ativa de trabalho e índice de pobreza da ordem de 18,7% da população.
Ontem pela manhã, Menem revelou que sobrevoou Buenos Aires durante os cinco minutos do "apagón". Ele classificou o protesto de "fracasso total" e "fanfarronada".
O presidente sustentou que a adesão foi de 11% em geral, com pico de 22% nas residências.
Segundo a agência de notícias "UPI", durante o "apagón" os técnicos das empresas de eletricidade calcularam em quase 60% a queda do consumo domiciliar. Em compensação, os edifícios do governo estavam plenamente iluminados. Nos cinco minutos do blecaute, os refletores iluminavam a Casa Rosada, o Banco da Nação, o Banco Hipotecário e a Secretaria de Inteligência do Estado, próximos à praça de Maio.
"Panelaço"
Carlos "Chacho" Álvarez, líder da Frepaso (Frente País Solidário), comemorou o índice de adesão ao protesto -que foi ampliado com "panelaços" e "buzinaços".
"Num país em que os mercados se expressam todos os dias, é bom haver uma democracia participativa, na qual os cidadãos também dizem ao governo o que a maioria está pensando e sentindo", afirmou Álvarez.
"O governo não está discutindo com os partidos de oposição, mas com as pessoas", acrescentou.
Pelas declarações à imprensa, o presidente argentino não se mostrou sensível aos protestos: "Os partidos de oposição acreditam que, com isso, vão mudar o rumo do governo? Não, sinto-me mais forte do que nunca", enfatizou.
Menem acrescentou que na próxima semana enviará ao Congresso os projetos de flexibilização do trabalho. Ele não descartou que as mudanças sejam impostas por decreto se houver resistência dos congressistas em aprová-las.
"Naqueles temas que a Constituição me habilita a governar por decreto, vou fazê-lo, porque a Argentina não pode seguir esperando", afirmou.
O presidente argentino qualificou seus adversários políticos de "nostálgicos que querem voltar à inflação de 5.000% a 20.000%". Ele disse que a "Argentina está se tornando um dos países mais confiáveis da Terra, gostem ou não os nostálgicos da inflação, dos cortes de luz, de gás, dos telefones que não funcionavam, do suborno e da corrupção".
"A Argentina é respeitada, está recebendo capitais externos e investimentos. Este modelo não se negocia. Nenhum protesto social irá mudar o rumo" afirmou, em referência à greve nacional de 36 horas convocada pela CGT (Confederação Geral do Trabalho) para os dias 26 e 27 deste mês.

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