São Paulo, sábado, 14 de setembro de 1996
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Governo pode reduzir taxa de importado

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo brasileiro pode reduzir a alíquota de importação dos carros produzidos pelas fábricas não-instaladas no país e que não aderiram ao regime automotivo brasileiro.
Decreto editado no mês passado, válido por um ano, estabelece cota tarifária de 50 mil veículos para esses fabricantes, com alíquota de 35%.
O índice é equivalente ao imposto de importação pago pelas montadoras, ou seja, metade da taxa sem desconto (70%).
Mas a partir de janeiro de 97, a alíquota de importação de veículos cai para 62%, de acordo com a política de redução gradual do imposto estabelecido pelo governo.
Pelas regras do regime automotivo, as montadoras vão continuar com direito a pagar metade do imposto vigente. Poderão importar veículos, peças e equipamentos pagando imposto de 31%, desde que as importações sejam compensadas com exportações no mesmo volume.
Nova versão
Para que os importadores não voltem a ficar em desvantagem -motivo das reclamações de Japão, Coréia e União Européia junto à OMC (Organização Mundial do Comércio), que consideram discriminatória a política brasileira para o setor automotivo- uma nova versão do decreto da cota tarifária deve ser editado.
Dessa vez, em vez de falar em alíquota de 35%, deve estipular 50% do imposto em vigor, como na medida provisória do regime automotivo. Assim, carros importados dentro da cota de 50 mil unidades pagariam imposto menor, de 31%.
Celso Lafer, embaixador-chefe da missão brasileira junto à OMC, não confirma que o governo vá fazer essa alteração, mas diz que ela seguiria a lógica da cota tarifária, que tem o objetivo de evitar as críticas de tratamento diferenciado para marcas sem fábricas no país.
Lafer disse ontem em São Paulo que as consultas formais bilaterais entre o Brasil e Japão, Coréia e União Européia, sobre o regime automotivo brasileiro, podem levar a um acordo em outubro.
Ele definiu como "positivas" as negociações, principalmente com os coreanos. "A adoção da cota tarifária atende às reivindicações dos nossos parceiros", diz.
O diretor-geral da OMC, embaixador Renato Ruggiero, espera que a disputa sobre o regime automotivo brasileiro seja resolvida por meio do "consenso".
"Não estou em condições de de aprovar ou condenar uma medida tomada por qualquer governo. A OMC estabelece procedimentos para resolver as disputas, com base nos fatos", disse.
Desde sua fundação, a OMC conseguiu solucionar 14 disputas entre países por meio das conversações bilaterais. Atualmente, 24 dessas consultas formais estão em andamento.
Abertura e crescimento
Ruggiero fez palestra sobre "A Natureza e o Papel da OMC" para um grupo de empresários, na sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Ele afirmou que a liberdade de comércio é a principal fator para o crescimento da economia mundial. "Quanto mais aberta a economia, mais rápido o seu crescimento", disse Ruggiero.
Segundo ele, o Brasil não tem razões para ser pessimista e adotar medidas protecionistas. "Restrições ao comércio são sempre más. O Brasil precisa continuar o processo de abertura de sua economia".
Mas ele concorda que a abertura comercial precisa ser acompanhada de reformas estruturais e de uma correta política macroeconômica para obter sucesso.

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