São Paulo, sábado, 14 de setembro de 1996
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Abertura comercial facilita fraudes

DENISE CHRISPIM MARIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A abertura do mercado brasileiro tornou mais fácil aplicar fraudes internacionais -um dos desafios da área de "inteligência" da Receita Federal comandada pelo secretário Everardo Maciel.
Boa parte das 58 investigações em curso quer detectar mecanismos de "lavagem" de dinheiro e evasão de divisas para paraísos fiscais (países que tributam pouco).
Chegar aos responsáveis é outra dificuldade. "Há intermediários que atuam como a versão moderna dos mordomos das novelas policiais", afirma Deomar Vasconcellos de Moraes, coordenador do serviço de "inteligência".
Dados da Receita mostram que 20% das contas bancárias do Uruguai estão em nome de brasileiros.
"Nosso trabalho parece uma pescaria. Em determinado momento, o peixe fisga o anzol", diz.
Um caso de exportação fictícia para um navio estrangeiro, no porto do Rio, foi descoberto na lata do lixo da empresa fraudadora.
Os agentes encontraram um papel contendo as tentativas do sonegador de copiar a assinatura do comandante do navio. Os rascunhos serviram como prova de que as notas de venda eram falsas.
O sonegador queria livrar um lote de mercadorias do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e de parte do IRPJ (Imposto de Renda da Pessoa Jurídica). Mas mordeu a isca.
Atualmente, a equipe de agentes que atua no Rio de Janeiro investiga uma suspeita de evasão de dinheiro para o Chipre, por meio da exportação de um produto brasileiro -segundo a Receita, de aceitação mundial.
O volume de exportação mostra que o consumo anual desse produto no Chipre seria de US$ 21,02 por pessoa -cifra 20 vezes maior que em países de alto consumo do produto, como a Bélgica.
(DCM)

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