São Paulo, sábado, 14 de setembro de 1996
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'Esquema Parmalat' é fator de desequilíbrio

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

O Palmeiras está longe, hoje, do timaço do primeiro semestre, ainda com Amaral, Rivaldo e Muller, ou aquele das temporadas de 93 e 94, com Zinho, Mazinho, Edmundo e outros. Mas, se lançassem por aqui uma bolsa de apostas ao estilo inglês, certamente essa nova equipe estaria na ponta.
As razões, é óbvio, estão no talento de um Djalminha e de um Cafu, que levam até corintianos como eu a ficar grudados na TV quando o Palestra está jogando. Tem a voz de comando, também, do treinador Luxemburgo, que ainda terá lugar na seleção nacional.
Mas é no "esquema Parmalat" -no bom sentido- que o Palmeiras vem conseguindo todos os seus êxitos em campo.
O suporte financeiro dado pela multinacional ao time é que faz a diferença -embora a administração conjunta tenha seus méritos.
Sai Amaral e entra Leandro. Com Luizão em campo e Leonardo no banco, vem aí o Viola, comprado por, dizem, cerca de US$ 5 milhões.
Rivaldo e Muller não tiveram substitutos à altura, mas com a equipe que tem em mãos, e renovada rapidamente, certamente Luxemburgo levará o novo time à conquista deste Campeonato Brasileiro.
Só um tropeço igual ao que aconteceu com o Santos na final de 95 com o Botafogo evita essa conquista.
Nos outros times, o contraste. Falta de dinheiro -e de (muitos) jogadores talentosos.
O Corinthians é um caso típico. Até agora não conseguiu um goleador. Falam até em jogador africano para compor o ataque. Nem isso. O aperto financeiro fez o clube abrir mão de Zé Elias. No início do ano, não conseguiu manter na equipe Elivélton, que se transferiu para onde? Para o outro Parque. Tudo por dinheiro. Antes, já havia vendido o Viola. Novamente, dinheiro.
O Santos negociou por milhões de dólares o Giovanni e até agora insiste, inclusive por orientação de Pelé, em investir na meninada. Motivo: dinheiro. Temor de falência.
A TV avança, os estádios estão vazios, e os clubes saem pelo país afora tentando arrecadar um dinheiro a mais.
O Palmeiras também tem lá seus problemas, e a renovação do contrato de Cléber parece ser o mais recente, por causa da "lei Pelé". Mas o time está inteiro. Se precisar, tem grana para substituição.
Numa situação dessas, é difícil esperar final diferente daquela em que a comemoração do título será palmeirense.
A disputa é desequilibrada. Nada contra a Parmalat, mas o problema é que não há outra empresa com a mesma estratégia comercial que possa dar suporte aos concorrentes.
É diferente de patrocínios como o da Petrobrás, Suvinil etc.
Se o Palmeiras continuar assim, sempre na cabeça, e os demais na situação atual, não estaria afastada a hipótese de se adotar por aqui um limite para que uma ou outra equipe se reforce com os principais craques disponíveis.
Os times são importantes, e sofrer é marca registrada dos corintianos. Mais importante, entretanto, é a competição.
Para comprovar o desequilíbrio atual, basta ver as escalações de cariocas e paulistas no jogo de Presidente Prudente. A camisa paulista, branca, no fundo era verde. E deu show.

Matinas Suzuki Jr., que escreve aos sábados, terças e quintas, está em férias

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