São Paulo, segunda-feira, 16 de setembro de 1996
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Reage SP 'abraça' prédio da Assembléia

DA REPORTAGEM LOCAL

O movimento Reage São Paulo promoveu ontem de manhã um "abraço" na Assembléia Legislativa, no Ibirapuera (zona sul de São Paulo) para protestar contra a violência.
A manifestação atraiu cerca de 700 pessoas. Os organizadores do Reage São Paulo esperavam 5.000 pessoas no ato de ontem.
Os manifestantes estavam, em sua maioria, vestidos de branco, cor símbolo do movimento.
O Reage SP foi organizado por parentes da estudante Adriana Ciola, 23, morta durante assalto ao bar Bodega, em Moema (zona sul), no dia 10 de agosto, e do estudante Rodrigo Iandoli, 21, morto em tentativa de assalto no dia 11 de agosto no Jabaquara (zona sul).
"Ninguém nos segura"
Para Albertina Dias Café e Alves, 48, tia de Adriana Ciola e uma das organizadoras do movimento, o ato de ontem atingiu seu objetivo.
"Estamos conseguindo unir o povo e, enquanto o povo estiver unido, ninguém nos segura".
Segundo ela, o governo do Estado está começando a tomar providências para o combate à violência. "Há alguma coisa se mexendo no ar. Mas é tão tênue que quase não é perceptível para a população", disse ela.
Albertina afirmou que o movimento deve formular nas próximas semanas uma lista de reivindicações para ser apresentada ao governo do Estado.
"Vamos reivindicar mais segurança", disse ela, sem detalhar as propostas do movimento. "O governo sabe o que precisa ser feito, não precisamos ensinar. Eles só precisam fazer", afirmou.
Segundo ela, o movimento não vai procurar o governador ou o secretário da Segurança Pública para apresentar as reivindicações.
"Eles é que têm a obrigação de nos procurar. Eles sabem onde nós estamos", afirmou Albertina.
Segundo ela, o movimento está recolhendo assinaturas para um abaixo-assinado que pede um aumento no efetivo policial nas ruas da cidade.
"Pretendemos recolher 1 milhão de assinaturas", afirmou. Ela não soube precisar o número exato de assinaturas já recolhidas, mas disse ter "no mínimo 30 mil".
"Só o início"
Segundo o advogado Carlos Ciola, 57, pai de Adriana Ciola, o movimento ainda pretende continuar realizando manifestações para reivindicar mais segurança.
"Está enganado quem pensa que este é o clímax do movimento. Este é só o início, vamos prosseguir".
Segundo Carlos Ciola, a lista de reivindicações do movimento deve incluir, além do aumento no efetivo policial, a redução da idade de imputabilidade criminal para "16 ou 15 anos" e a mudança no Código Penal.
"O código é de 1940, já está arcaico", afirmou.

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