São Paulo, segunda-feira, 16 de setembro de 1996
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Bill Cosby volta à TV para reerguer a CBS

Comediante ficou 5 anos fora da faixa nobre

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O maior sucesso da TV norte-americana na década de 80, Bill Cosby, volta ao horário nobre depois de cinco anos nesta segunda-feira, às 20h (em Washington).
Cosby, 59, o primeiro negro a estrelar uma série de TV ("I Spy", de 1965), vai tentar levantar a rede CBS do buraco em que se encontra há já quase uma década.
Em 1984, quando estreou "The Cosby Show", ele foi um dos fatores principais pela ascensão da NBC do último lugar nas pesquisas à liderança da preferência pública entre as grandes redes.
Agora, a CBS espera que Cosby possa repetir a mágica, só que a seu favor.
O novo programa se chama "Cosby". O personagem vivido pelo ator não é mais Cliff Huxtable, o bem-sucedido médico de "The Cosby Show", mas Hilton Lucas, um funcionário obrigado pelos patrões a aceitar aposentadoria antecipada para não ser despedido.
Apesar dessa mudança dramática de situação, o público sabe que pode esperar de Cosby seu humor sem apelações eróticas, políticas, raciais, ou de qualquer outra espécie, e sem concessões ao mau gosto, à histeria ou ao duplo sentido.
Cosby é um humorista sério. Ele respeita o público e se respeita. Já famoso, foi estudar e se doutorou em Educação pela Universidade de Massachusetts, em 1977. Escreve livros sobre a condição da paternidade contemporânea, faz trabalhos voluntários na TV pública.
Nem por isso é chato. Ao contrário. Com pouquíssimos recursos além de sua própria presença, é capaz de entreter platéias em teatros enormes, com suas piadas inteligentes e situações relevantes para a vida do espectador.
Ele é uma espécie de Colin Powell do "show-business". É negro, não esconde sua negritude. Mas também não a exibe como troféu. Seu humor é universal. Mas, nem por isso, deixa de ser negro.
Cosby chegou a ser hostilizado pelos movimentos negros radicais sobreviventes dos anos 70. Mas nenhum negro de bom senso jamais o acusou de ser um Pai Tomás. Bill Cosby nunca tentou embranquecer como O. J. Simpson, Clarence Thomas ou Michael Jackson.
Resta saber se o público ainda está disposto, após todo esse tempo, a honrar a elegância e o charme do humor de Bill Cosby.

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