São Paulo, segunda-feira, 16 de setembro de 1996 |
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Emprego dos meus sonhos
VALDO CRUZ Brasília - A partir de hoje, o Congresso Nacional estará praticamente vazio. Até as eleições municipais, não deve acontecer nenhuma votação.A maior parte dos deputados e senadores estará em seus Estados durante as três próximas semanas, tentando eleger aliados políticos. Continuarão a receber o salário no final do mês, sem nenhum desconto pelo período que passarão longe do Legislativo -seu local de trabalho. O pior é que essa debandada vai atrasar as votações do Congresso. O que vai levar a uma convocação extraordinária do Congresso no início de 97. Aí, por conta desse trabalho "extraordinário", parlamentares vão receber um rendimento extra de R$ 16 mil. Ou seja, eles deixam de trabalhar hoje e continuam ganhando seu salário. E, para colocar o trabalho em dia, ganham uma grana a mais. Neste ano, por conta dessas convocações extraordinárias, deputados e senadores estarão recebendo 19 salários em 12 meses de trabalho -aliás, em 12 meses que deveriam ter trabalhado. Não tenho notícia de trabalhador do setor privado com tamanhas regalias. * Os familiares do capitão Carlos Lamarca pretendem entrar na Justiça para reivindicar promoções que ele poderia ter obtido depois que foi morto pelos militares. Na democracia, qualquer cidadão pode entrar na Justiça pelo que considera seu direito. Mas, nesse caso, aí sim vai parecer provocação. A Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos agiu corretamente ao aprovar a indenização para a família Lamarca. Ele poderia ter sido preso em vez de assassinado. Mas não parece muito lógico promover alguém que desertou, apesar de legalmente até ser possível. Afinal, Lamarca sabia dos riscos que corria quando abandonou o Exército. O Palácio do Planalto, que nos bastidores considerava inevitável a indenização aos Lamarcas, não concorda com a promoção. Apóia a decisão do Exército de recorrer da ação. Texto Anterior: Morte e vida Brasil Próximo Texto: O vale-tudo vai começar Índice |
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