São Paulo, segunda-feira, 16 de setembro de 1996
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Variedade vegetal marca ilha chilena

DA "REUTER", NA ILHA ROBINSON CRUSOE (CHILE)

Para planta não parece especial: folhas alongadas e flores de um amarelo esbranquiçado.
Mas o que faz a Dendroseris neriifolia especial e objeto de tanto estudo é o fato de existir só um exemplar silvestre conhecido.
Ela é a planta mais rara do mundo e, como diversas outras espécies na escarpada ilha Robinson Crusoe, sobrevive à beira da extinção nesse pedaço de terra perdido no meio do Pacífico Sul.
Conhecida pelos especialistas em viagens como o local no qual o verdadeiro Robinson Crusoe se refugiou no século 18, a ilha Robinson Crusoe é dos locais com maior número de plantas por quilômetro quadrado. São 124 espécies exclusivas em 93 km2.
Para o parque nacional local, é um esforço diário defender as plantas de coelhos e cabras deixadas ali há vários séculos por marinheiros espanhóis.
Outros adversários são as plantas exóticas, que variam de amoreiras a eucaliptos que encobrem a vegetação nativa.
"A ecologia daqui está numa crise constante", afirma o administrador do parque, Ivan Leiva.
Leiva mantém alguns exemplares da Dendroseris neriifolia em seu jardim no único vilarejo da ilha, San Juan Bautista. O exemplar silvestre vive num ponto remoto do lado leste.
"Pode haver outras espécies únicas das quais nada sabemos. Partes da ilha são tão escarpadas e isoladas que não podemos alcançá-las", diz Leiva.
Um projeto conservacionista financiado por grupos holandeses ajuda, mas funcionários do parque acusam o governo de Santiago de pouca atenção.
Apontam para a ilha equatoriana de Galápagos como um exemplo de apoio governamental.
O problema é que plantas não atraem a atenção como as baleias e tartarugas gigantes de Galápagos e, além disso, Robinson Crusoe é ofuscada por outra ilha chilena, a de Páscoa.
O principal trunfo da ilha continua a ser Robinson Crusoe -ou melhor, Alexander Selkirk, um marinheiro escocês abandonado na ilha então desabitada no ano de 1704.
Depois de sobrevier quatro anos, ele foi resgatado por um navio e levado para a Escócia, onde se tornou uma celebridade.
Daniel Defoe ouviu a história e a romanceou em seu livro "Robinson Crusoe", o qual foi ambientado no Caribe.

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