São Paulo, segunda-feira, 16 de setembro de 1996 |
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Cerimônia é uma pausa na correria Palácio tem troca da guarda EDSON FRANCO
Trata-se da troca da guarda presidencial, que atrai uma pequena multidão para a praça de la Constitución. Parece que os chilenos encaram a presença militar como uma quimioterapia, dolorosa, mas necessária. Animados por uma bandinha de coreto afinada, os soldados se perfilam, marcham jogando os braços e participam de uma coreografia dura, precisa e disciplinada. É um exercício de exibicionismo e força que dá aos habitantes uma das poucas pausas permitidas em seu ritmo frenético de vida. O pulsar das ruas, a pressa das pessoas e o trânsito lento -porém andando- lembram São Paulo, mas com uma diferença fundamental. Para sorte dos chilenos, eles não tiveram um Faria Lima que saísse por aí destruindo o passado e colocando avenidas e calçadas largas no lugar. Os chilenos pagam caro pelo privilégio de manter em pé os prédios que conferem um ar europeu à capital. Espremem-se nas calçadas e acabam revelando ter pouca paciência com o turista. Europa Fora isso, Santiago é uma beleza. Jardins muito bem cuidados, uma sensação de ordem exemplar, transportes confiáveis. E essa confiança se estende aos motoristas de táxi. Com o taxímetro instalado no retrovisor interno, eles não cobram nem um centavo além do estipulado. É difícil uma corrida ultrapassar US$ 6. Além de seus prédios que revelam traços de colonizadores espanhóis, franceses, ingleses, alemães e italianos, do Exército de formação prussiana e do clima temperado, Santiago tem outro aspecto europeu, mais exatamente britânico: o traje de seus estudantes. Metidos em calças cinzas, camisas brancas, gravatas e paletós azuis, eles passeiam pelas ruas da capital. Mas alguns não conseguem esconder a origem latina. Usam tênis no lugar dos sapatos. Comida perigosa Sob nenhum pretexto aceite trocar a confiabilidade dos bons restaurantes de Santiago pela incerteza daqueles estabelecimentos que os chilenos chamam de "fonte de soda", as conhecidas lanchonetes. O conceito de higiene em alguns desses estabelecimentos é vago ou simplesmente inexiste. Em dois deles, visitados pela reportagem da Folha, foram encontrados um grampo em um sanduíche, no primeiro, e um fio de cabelo na salada, no outro. Na "fonte de soda" do fio de cabelo, o banheiro não tinha papel higiênico, a torneira não funcionava e as paredes estavam imundas. Texto Anterior: Variedade vegetal marca ilha chilena Próximo Texto: Museus de Santiago são bons e baratos Índice |
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