São Paulo, terça-feira, 17 de setembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Juiz critica Alencar por recusar tropas

WILSON TOSTA; CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, desembargador Antônio Carlos Amorim, criticou ontem o Tribunal Superior Eleitoral por ter consultado o governador Marcello Alencar (PSDB) antes de responder -e recusar- o pedido de envio de tropas federais para as eleições no Estado.
"Isso nunca aconteceu. A decisão era para ser tomada entre o TSE e o TRE", disse Amorim. "Eu acho que, então, caberia ao governador me consultar antes de responder ao TSE."
Semana passada, o Tribunal Superior Eleitoral recusou o pedido para que fossem enviadas tropas federais para o Rio, porque Alencar afirmou ter condições de garantir o pleito com as polícias Civil e Militar e os bombeiros.
Amorim, contudo, continua contestando o governador.
Segundo o governo do Estado, poderão trabalhar na eleição 26.000 policiais militares, 9.500 bombeiros e 9.500 policiais civis.
"Dos 26.000 PMs, 4.000 estão afastados e 2.000 estão de férias, e os 20.000 que sobram têm de votar", disse Amorim. "E bombeiro tem é de apagar incêndio."
Ele disse estar apurando transferências fraudulentas de títulos eleitorais em 12 municípios.
"Há municípios com mais eleitores que habitantes", afirmou.
Vandalismo
Segundo ele, há necessidade de reprimir a boca-de-urna, garantir o cumprimento da proibição da venda de bebidas alcoólicas no dia da votação e impedir vandalismo contra as urnas eletrônicas.
Amorim disse que precisaria de três policiais por seção de votação, mas se contentaria com dois. Como há 24.300 seções em todo o Estado, isso exigiria um contingente de 68.600 policiais para atender ao desejo do desembargador.
"Acho que vai ter seção em que o juiz vai dar voz de prisão e não vai ter policial para cumpri-la."
O governador Alencar reafirmou não ver necessidade de pedir tropas federais. Ele disse temer danos à imagem do Estado. "Se a Volks está procurando um lugar para instalar uma fábrica e acha que o Rio não tem condições de garantir uma eleição, isso vai repercutir mal", disse.
(WILSON TOSTA)

Colaborou Chico Santos

Texto Anterior: Locais sem energia elétrica vão ter a urna eletrônica movida a bateria
Próximo Texto: Rio Branco adota censura a programas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.