São Paulo, terça-feira, 17 de setembro de 1996
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Os donos da Cultura

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro das Comunicações rosnou outra vez, contra a Rede Manchete, sexta-feira passada.
Questionou a realmente escandalosa participação de Paulo Maluf e campanha de Celso Pitta, regularmente, no Programa de Domingo. Era sexta. Domingo, desapareceram com o prefeito paulistano da Manchete.
Nem traço das cabotinas declarações do gênero "vai ser um verdadeiro presente de Natal", como disse o prefeito domingos atrás, em referência a uma obra inaugurava.
Por outro lado, o próprio Paulo Maluf também rosnou contra a também escandalosa participação de tucanos na Cultura, emissora mantida pelo governo estadual, do governador Mário Covas.
Era sexta. Ontem, o tucano José Serra estava de volta ao Opinião Nacional, ou, pelo menos, estava com presença confirmada.
Paulo Maluf não foi ouvido por Jorge da Cunha Lima, que dirige a Cultura; ao contrário do ministro Sérgio Motta, prontamente ouvido por Fernando Barbosa Lima, que dirige a Manchete.
Foi a segunda vez do candidato tucano na Cultura, ele que abriu a série de supostos debates entre dois candidatos, semana passada.
Abriu então com um puxão de orelhas público no âncora Heródoto Barbeiro, que esqueceu de atacar Celso Pitta por não comparecer ao suposto debate sobre o tema do transporte público -e não queria deixar Serra fazer ele próprio o ataque.
(Transporte público é a grande bandeira tucana, aquela com que o candidato leva vantagem sobre o desmoralizado -e já devidamente escondido pelos malufistas- "Fura-Fila.)
Entre uma e outra participação do candidato tucano, quem esteve do debate, falando sozinho, foi o peemedebista José Aristodemo Pinotti, linha auxiliar da campanha tucana para ataques contra o PAS malufista.
*
Sérgio Motta no Vitrine, Motta no Roda Viva, José Serra no Opinião Nacional, Serra no Opinião Nacional.
O atropelamento tucano faz recordar 1982, quando o governador biônico Paulo Maluf, o próprio, usou a mesma Cultura para favorecer um malufista em campanha eleitoral contra Franco Montoro -o padrinho político de Serra e hoje deputado e presidente de honra do PSDB.
(Serra reestreou na política brasileira, na abertura, como secretário da Fazenda do governo Montoro.)
Algumas frases de Montoro, na época:
- (A Cultura) serve exclusivamente à prioridade número um do malufismo, que é a promoção dos malufistas.
- (A Cultura virou) quintal do governador... quintal dos donos do poder.
Os donos do poder, hoje, são outros.

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