São Paulo, terça-feira, 17 de setembro de 1996 |
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Brasil propõe facilitar negócios no bloco comercial das Américas País defende falar a empresários sobre regras aduaneiras CLÓVIS ROSSI
Facilitar negócios significaria, por exemplo, dar ciência aos empresários da área das regras aduaneiras de cada um dos 34 países. É uma providência burocrática, bem distante do ambicioso alvo político-econômico de se criar, até 2005, uma área de livre comércio abrangendo todos os 34 países, que seria a maior do planeta, com 737 milhões de habitantes e uma economia de US$ 7,9 trilhões. Mas é um primeiro passo importante, porque a experiência de criação de áreas de livre comércio mostra que o intercâmbio entre os integrante começa a crescer já na fase de negociações preliminares. A modéstia da proposta combina com a estratégia da diplomacia brasileira de caminhar cautelosamente na direção da Alca. "Estamos de acordo com a data de 2005, mas queremos chegar a ela com bases solidamente estabelecidas", diz o vice-chanceler Sebastião do Rêgo Barros, chefe da delegação brasileira à reunião de vice-ministros das Américas, inaugurada em Florianópolis. Traduzindo: o Brasil não simpatiza com a pretensão dos EUA de começar logo a reduzir as barreiras entre os países da Alca para chegar a 2005 com todas elas eliminadas. Empresariado apóia A posição da chancelaria tem o endosso do empresariado. "O Brasil tem que se preparar (para a Alca) sob pena de se transformar em importador de produtos de alto valor agregado e exportador de produtos primários", diz Osvaldo Moreira Douat, presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina e do Conselho de Integração Internacional da Confederação Nacional da Indústria. Ou seja, a indústria quer um prazo de transição para evitar ser engolida pela abertura, inevitável em qualquer zona de livre comércio. No caso da Alca, a abertura seria para a produção norte-americana, exatamente a de alto valor agregado mencionada por Douat. Já os EUA têm pressa em abrir o mercado latino-americano, em especial o brasileiro, o maior e ainda um dos mais fechados. Hoje, a América Latina é uma das únicas áreas do mundo com a qual os EUA obtêm saldos comerciais (exportam mais do que importam). Em 95, o saldo foi de US$ 2,29 bilhões, revertendo três anos consecutivos de déficits. Para o Brasil, o mercado norte-americano é obviamente tentador. Mas sua diplomacia teme que a pressa dos EUA seja um caminho de mão única. Isto é, os latinos abririam seus mercados e os EUA ficariam como estão. Assim, a estratégia do Brasil é consolidar os ganhos com o Mercosul. Em cinco anos, o comércio no bloco saltou de US$ 4 bilhões para US$ 14,4 bilhões. "A Alca é do nosso interesse, mas não temos pressa", diz Carlos Pérez del Castillo, vice-chanceler do Uruguai, sócio de Brasil, Argentina e Paraguai no Mercosul. Texto Anterior: Governo quer criar limite de R$ 8,5 mil para aposentadorias Próximo Texto: FHC prepara pacote para cortar despesas com o serviço público Índice |
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