São Paulo, terça-feira, 17 de setembro de 1996
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"Quanto menos nos atenderem, mais falaremos"

DA REPORTAGEM LOCAL

Albertina Dias Café e Alves, uma das coordenadoras do Reage São Paulo, afirmou ontem que o movimento pretende criar comissões para fiscalizar os trabalhos de vereadores e deputados.
"Os políticos estão agindo da forma que querem porque ninguém confere nada."
Um mês após a criação, Albertina diz que o principal trunfo do movimento, por enquanto, foi ter mobilizado a população.
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Folha - Qual o balanço que a sra. faz após um mês de Reage SP?
Albertina Dias Café e Alves - Acho que está sendo bastante razoável, porque estamos conseguindo conscientizar a população do seu direito pela cidadania.
Sabemos que as reivindicações vão demorar um pouco para serem atendidas porque tudo o que não interessa a eles (autoridades) é feito devagar. Por outro lado, tudo isso que nós iniciamos, até sem querer, vai ficar para sempre.
Folha - Como assim?
Albertina - Ficaria como uma porta aberta. As pessoas estão percebendo que podem gritar, exigir seus direitos e mostrar que estão descontentes.
Esse é o grande mérito do nosso movimento. Queremos que as pessoas estejam unidas, se manifestem, vigiem. Nós pretendemos agora formar comissões para vigiar orçamentos, verbas.
Folha - De que forma seria isso?
Albertina - Criando comissões para ir à Câmara e à Assembléia. Vigiar o que deputados e vereadores estão fazendo.
Verificar se a verba orçada para determinado canal foi aplicada. Fiscalizar. Democracia não se faz apenas com políticos de um lado e ninguém do outro.
Folha - As comissões vão fiscalizar apenas questões ligadas à segurança?
Albertina - Não. Vai ser uma coisa mais ampla. Vamos participar de todas as sessões. Eles vão ser vigiados dia e noite.
Folha - Quais são os próximos passos do movimento?
Albertina - Nesta semana estamos fazendo um balanço de tudo o que foi feito e fazendo uma lista das principais reivindicações que iremos levar às autoridades, sendo que a primeira é sempre a segurança. Nós queremos polícia na rua agora, imediatamente.
Folha - O movimento vai procurar o governador Mário Covas?
Albertina - Com certeza. Se ele não nos receber, iremos ao presidente. A gente não vai parar. Não vamos desistir por não nos darem atenção. Quanto menos eles nos atenderem, mais nós falaremos.
Folha - Se vocês não forem atendidos, o que pretendem fazer?
Albertina - Se for necessário, ficaremos em frente ao Palácio dos Bandeirantes dias e dias. Meu grupo está preparado para isso. Nós queremos polícia na rua já.
Folha - O que a sra. tem a dizer às pessoas que consideram o movimento elitista?
Albertina - Nós não estamos lutando por classes, e sim por pessoas. Não é crime sermos classe média. A sociedade é um todo, ela não é separada.

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