São Paulo, terça-feira, 17 de setembro de 1996
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Clube dos nulos

JUCA KFOURI

O Clube dos 13 se reúne hoje para examinar a nova situação da Lei do Passe. Não é preciso ser vidente para prever o que acontecerá.
Repúdio à resolução, bravatas de uns, falta de educação de outros, Justiça acionada sobre a legalidade da medida assinada por Pelé e bem aceita pela opinião pública, decretação do fim do futebol etc.
É triste, mas é assim. O Clube dos 13, que nasceu em 1987 como sinal de modernização -à época comandado por cabeças boas como Carlos Miguel Aidar, Paulo Odone, Márcio Braga, Nélson Duque-, foi ficando cada vez mais medíocre com o passar dos anos -contagiado pela permanência solitária, em relação ao grupo que o fundou, do eterno Eurico Miranda.
Bravatas e má educação não merecem discussão.
Acionar a Justiça é um direito legítimo de quem se sente prejudicado, e a decretação do fim do futebol é a falácia que merece exame.
Primeiramente pelo seu oposto. A resolução de Pelé não significa a salvação do futebol brasileiro. Longe disso, num primeiro momento é até possível que aumente o êxodo de craques para o exterior.
Pelé nada mais fez do que dar um passo adiante nas relações trabalhistas entre clubes e atletas.
Oxalá o passo seguinte seja dado pelos próprios clubes, no sentido de profissionalizar seus dirigentes e, assim, buscar recursos onde se deve, na organização de campeonatos rentáveis etc.
Que fique bem claro, portanto: a nova regulamentação da Lei do Passe não é a panacéia para os males de nosso futebol.
Não é, também, e muito longe disso, o fim dos tempos. Até porque se fosse o futebol europeu estaria enterrado, e não gozando de tão boa saúde.
Pode ser, isso sim, o fim do dinheiro fácil para o bolso de um certo tipo de cartola que assola a vida de nossos clubes.
E, melhor notícia, a solução pode vir do mesmo Pelé, empenhado agora em apresentar ao Congresso Nacional duas novas leis, uma exclusiva para o futebol e outra para os demais esportes.
Nessa lei, deve ser obrigatória o que a Lei Zico apenas dá como opção: a transformação dos clubes em empresas.
Com o que, entre outras coisas, acabaria a exigência de contratos firmados por apenas três anos.
O resto é choradeira de quem, viciado pelo uso do cachimbo, trata seres humanos apenas como patrimônio dos clubes.

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